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EXAME/IDEIA: com menos impostos, 56% dos brasileiros poupariam mais

Terça, 25 Maio 2021

O brasileiro já pagou mais de 1 trilhão de reais em impostos nos primeiros cinco meses do ano, segundo cálculo da Associação Comercial de São Paulo. Caso a mão do governo fosse menos pesada no bolso do contribuinte, 56% afirmam que poupariam mais e fariam investimentos para garantir uma estabilidade financeira no futuro. Outros 36% dizem que gastariam este dinheiro ‘extra’ com produtos e serviços.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.243 pessoas entre os dias 17 e 20 de maio. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. Confira a pesquisa completa.

Esse desejo em poupar é maior na parcela da população que recebe menos. Entre aqueles que ganham de 1 a 3 salários mínimos a vontade em investir chega a de 63%, destaca Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto de pesquisa. “Eu acho que talvez esteja aí a maior narrativa do benefício palpável de uma reforma tributária, principalmente das pessoas de baixa renda que proporcionalmente pagam mais impostos”.

Estão em tramitação no Congresso Nacional três propostas de reforma tributária. Há um ano, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou um texto que se somou a outros dois Projetos de Emenda Constitucional do mesmo tema e que tramitam na Câmara dos Deputados (PEC 45) e no Senado Federal (PEC 110).

 Em comum, os três textos propõem mudanças de toda a base tributária de consumo no país, que corresponde à maior parte da arrecadação do governo. A proposta do Executivo mexe apenas em tributos federais, já a do Congresso Nacional une impostos federais, estaduais e municipais. Apesar do discurso de diminuição do pagamento de impostos, ainda não está claro que é isso que ocorrerá de fato.

Há duas semanas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), extinguiu a comissão especial dedicada ao tema, com a justificativa de que o prazo dos trabalhos tinha expirado. Logo em seguida, Lira disse que a proposta será fracionada em três ou quatro relatores, para facilitar o processo de tramitação. A ideia é garantir um consenso entre governo, Câmara e Senado.

Nesta segunda-feira, 24, Lira, Guedes e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, se reuniram para debater este fatiamento, mas saíram do encontro sem nenhuma decisão anunciada.

“A carga tributária do Brasil está perto de 35% do Produto Interno Bruto [PIB]. Isso nos coloca entre os 15 países com maior carga tributária do mundo. Só que o problema não é a carga tributária em si, é o retorno deste dinheiro pago. As reformas não resolvem este problema, nem vão diminuir impostos, elas apenas unificam a tributação”, diz João Eloi Olenike, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

A pesquisa EXAME/IDEIA questionou os brasileiros sobre o resultado da reforma. Para 24%, haverá algum tipo de redução no pagamento de tributos, e 25% acreditam que haverá aumento. Outros 20% acham que a reforma não será aprovada e que nada vai mudar.

Na avaliação do presidente do IBPT, o desconhecimento sobre o quanto efetivamente se paga de imposto faz com que muitas pessoas não tenham noção do que cobrar do governante para ter aquele dinheiro de volta em forma de benefício social. Dos entrevistados pela EXAME/IDEIA, 40% dizem que não sabem quanto de imposto pagam, e 24% dizem que sabem.

“Nós temos 63 tributos no Brasil e a grande maioria das pessoas não exige a nota fiscal, não tem essa familiaridade. E o governo não faz a mínima questão de que ela tenha conhecimento da quantidade de imposto e o valor”, diz João Eloi Olenike.

Apesar disso, a grande maioria dos brasileiros [58%] são contrários a volta de uma nova CPMF. “É um imposto que é fácil de entender, que sempre esteve na cabeça da opinião pública. Esse dado não é inédito. Ao longo do tempo, desde a sua criação, a CPMF teve um alto índice de rejeição”, afirma Mauricio Moura.

 

FONTE: EXAME