Depois de avançar a 1,15% em dezembro por conta dos preços da carne e de terminar 2019 acima do centro da meta, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou para 0,21% em janeiro, divulgou nesta sexta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É o menor resultado para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em julho de 1994. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador registrou 4,19%.
O valor de janeiro ficou abaixo do esperado por grande parte do mercado. A expectativa do Top 5 do Boletim Focus, por exemplo, formado pelo grupo dos economistas que mais acertam, era de um avanço de 0,32%, igual ao verificado em janeiro do ano passado.
O recuo no preço das carnes foi o grande responsável pela desaceleração geral dos preços, segundo o gerente de Índice de Preços do IBGE, Pedro Kislanov. O grupo alimentação e bebidas foi de 3,38% em dezembro para 0,39% em janeiro.
Após a alta de 18,06% no mês anterior, as carnes apresentaram queda de 4,03% no IPCA de janeiro, contribuindo com o maior impacto negativo no índice do mês (-0,11 p.p.), segundo ele.
“Tivemos uma alta muito grande no preço das carnes, nos últimos meses do ano passado, devido às exportações para a China e alta do dólar que restringiram a oferta no mercado interno. Agora, percebemos um recuo natural dos preços, na medida em que a produção vai se restabelecendo para atender ao mercado interno”, disse Kislanov em nota.
O grupo habitação teve o maior impacto positivo no índice, com a maior variação (0,55%) entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados. Segundo o IBGE isso aconteceu por causa dos preços de condomínio (1,39%) e aluguel residencial (0,61%).
O resultado dos transportes (0,32%), que passaram a ter o maior peso na nova cesta, foi puxado pela gasolina (0,89%) e o etanol (2,59%). Os preços dos ônibus urbanos variaram 0,78%, devido aos reajustes nas tarifas em várias regiões. Já o maior impacto negativo (-0,05 p.p.) veio das passagens aéreas (-6,75%), que haviam apresentado alta de 15,62% no índice de dezembro.
Nova estrutura
Nos cálculos da inflação de janeiro, o IBGE usou pela primeira vez a estrutura atualizada pela edição 2017/2018 da nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que acompanha as mudanças nos hábitos de consumo da população. Com a atualização, 56 novos produtos e serviços passam a fazer parte do cálculo, incluindo aplicativos de transporte e serviços de streaming, como Uber e Spotify.
Entraram também na conta despesas relacionadas à vida saudável e estética, tratamento e higiene de animais domésticos e até o consumo de macarrão instantâneo. Outros itens, porém, perderam espaço ou foram excluídos, como aparelhos de DVD, assinatura de jornais e máquinas fotográficas.
Kislanov observa que nenhum dos novos itens da cesta impactaram o indicador em janeiro, mas cita algumas variações: o transporte por aplicativo, cujos preços foram coletados pelo robô criado pelo IBGE, recuou 0,54%, com a maior queda em São Paulo (-2,89%) e maior alta em Goiânia (1,99%). Serviços de streaming não variaram. Higiene de animais domésticos registrou 0,19%, cabeleireiro e barbeiro 0,20% e sobrancelha, 0,26%.
Fonte: Exame