O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) cortou em 0,25 ponto percentual a taxa Selic, que foi de 4,5% a 4,25% ao ano.
A decisão desta quarta-feira (05), que já era esperada pelo mercado, foi unânime e leva os juros para uma nova mínima histórica.
O comunicado indica, no entanto, que este foi o último corte. A Selic está em queda desde julho de 2019, quando estava em 6,5%.
“O BC diz na ata que a potência da politica monetária aumentou. Isso também parece justificar a decisão do Copom de pré-anunciar o fim do ciclo. O aumento dessa potência implica uma expectativa que a economia ainda vai reagir aos estímulos que já foram feitos”, diz Maurício Oreng, superintendente de pesquisas macroeconômicas do Santander Brasil.
Na reunião de dezembro, o Copom havia deixado em aberto se faria ou não um novo corte neste primeiro encontro de 2020.
Mas desde então, foram divulgados vários dados decepcionantes de setores como indústria e serviços no final do ano passado, sugerindo que há espaço para aquecer ainda mais a atividade econômica.
Também apareceu um fenômeno novo no cenário: o coronavírus, que gerou pânico nos mercados e incerteza sobre o crescimento da China, a maior parceira comercial do Brasil.
O dólar também disparou, mas o pico das últimas semanas é visto como temporário e não desancorou as expectativas de inflação.
O Copom avalia que, no cenário externo, apesar do recente aumento de incerteza, ainda há um ambiente relativamente favorável para economias emergentes. “Por outro lado, no cenário doméstico, a avaliação é de que as diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis compatíveis – não mais “confortáveis” – com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”, diz a consultoria 4E em nota.
No último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (02), a projeção de 2020 para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, caiu de 3,47% para 3,40%.
É uma margem confortável para choques, já que o centro da meta é de 4% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (5,5%) ou para baixo (2,5%).
“A economia ainda vai reagir, saindo de um crescimento de 1% para 2% ao ano. O potencial do país hoje ainda é 1%, mas tende a ir para 2%. A dúvida agora é quando vai ser o processo de normalização, Na nossa previsão, os juros não sobem neste ano, começarão a subir a partir do segundo trimestre de 2021 e deve terminar o ano que vem a 6% ao ano”, diz Oreng.
Mais detalhes serão conhecidos com a publicação da ata da reunião de hoje, prevista para a próxima terça-feira (11).
Fonte: Exame