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Construtora Mitre abre a temporada de IPOs na bolsa brasileira

Quarta, 05 Fevereiro 2020

A construtora Mitre vai abrir a temporada de ofertas iniciais de ações na bolsa brasileira nesta quarta-feira, encerrando um hiato de dez anos sem aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) de empresas do setor.

O momento não poderia ser mais propício: os investidores estão ávidos por companhias do mercado imobiliário, dada a queda dos juros do crédito imobiliário e sinais de retomada de lançamentos de imóveis.

Os papéis de construtoras estão entre as recomendações para 2020, de acordo com levantamento feito por EXAME. Entre as apostas dos especialistas consultados pelo Guia Onde Investir em 2020, estão Cyrela e MRV que subiram cerca de 60% em 2019. Já o Índice Imobiliário (Imob) teve uma valorização de 70,6% no ano passado – maior alta desde 2009, quando o setor vivia tempos de bonança.

“A confiança na construção tem crescido, com lançamentos e vendas em alta. Esperamos que 2020 seja um ano forte em termos operacionais e financeiros”, escrevem Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, analistas do BTG Pactual, em relatório. A equipe de análise do UBS também está otimista com o momento do mercado imobiliário “que está retornando ao patamar pré-crise”, segundo relatório.

A Mitre, portanto, está surfando essa onda. As ações foram precificadas no topo da faixa estimada pelos coordenadores da operação, em 19,30 reais, e o IPO movimentou 1,2 bilhão de reais. É um volume considerável se levar em conta que, entre janeiro e setembro do ano passado, a construtora reportou um faturamento de 190 milhões de reais e um lucro líquido de 27 milhões de reais.

Enquanto isso, na lista de IPOs que iniciam 2020, na quinta-feira 6 será a vez da veterana da internet Locaweb negociar seus papéis na B3 com valor de referência de 17,25 reais – topo do intervalo definido pelos coordenadores da operação. Desse modo, a empresa de hospedagem de sites levantou 1,03 bilhão de reais na terça-feira 4, segundo fontes. Os recursos levantados serão usados principalmente na aquisição de empresa, segundo a companhia.

Mitre e Locaweb são apenas duas das 20 aberturas de capital esperadas pelo Santander neste ano que devem movimentar 200 bilhões de reais. Desse total, quase metade deve vir de ofertas de empresas do governo — entre participações do BNDES e unidades da Caixa, como a Caixa Seguridade.

Outros quase 100 bilhões de reais virão do setor privado, sendo 20% das áreas de consumo, varejo e alimentação, 20% do setor de óleo e gás, 15% de elétricas e utilities (como saneamento), 15% do setor financeiro (como o Banco Votorantim) e 10% do setor de saúde.

Em 2019, Grupo SBF, Neoenergia, Vivara, C&A e Banco BMG estrearam no mercado brasileiro. O total levantado com ofertas no ano passado foi de 115 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg, cerca de 200% a mais do que o montante de 2018. Foi o maior volume desde 2010 e o maior número de ofertas já registrado, com 64 transações.

 

Fonte: Exame