O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro e o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, anunciam nesta quarta-feira a nova decisão para a taxa de juros de seu país. O clima é de fim de ciclo. A espera da decisão fez as bolsas globais andarem de lado nos últimos dois dias.
Brasil e EUA vêm de três reduções seguidas desde julho, mas, lá e cá, o consenso é de que o afrouxamento ou chegou ao fim, ou está próximo dele – no Brasil, espera-se mais uma ou duas reduções até início de 2020 e, nos EUA, a pausa nos cortes já deve começar agora.
As decisões serão seguidas, na quinta-feira, pelo encontro do Banco Central Europeu (BCE), onde a aposta é de poucas mudanças na atual política monetária, em meio a juros já negativos e sinais de que a pior parte de uma desaceleração econômica na região pode ter passado. Será a primeira reunião do BCE com a nova presidente, a ex-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) Christine Lagarde.
No Brasil, há pouca discórdia na expectativa por mais um corte de 0,5 ponto na taxa Selic, de 5% para 4,5% ao ano. Será a quarta redução consecutiva desde junho (quando a taxa estava em 6,5%). Até aqui, em meio à inflação muito baixa que marcou o ano e um crescimento que chegou a ser negativo no primeiro trimestre, o movimento de cortes expressivos no nível dos juros locais era dado como certo.
Esse jogo, agora, começa a mudar, e as projeções daqui para frente já são menos consensuais. Alguns analistas apostam em um último corte para 4,25% no início de 2020, outros dizem que vai a 4,00%, alguns acreditam que a taxa fica onde está e uma parte vê a Selic voltando a subir em algum momento entre o meio do ano que vem e o próximo – a projeção de mercado, coletada pelo o Boletim Focus do BC, é de Selic a 4,5% ao fim de 2020 e 6,25% ao fim de 2021.
Por trás da falta de consenso estão mudanças importantes no cenário doméstico, como os sinais mais fortes de uma aceleração do crescimento econômico em 2020 e também de uma inflação já um pouco mais alta.
Choques recentes, como a alta do dólar e o aumento repentino das carnes, colaboraram para que o índice de preços saísse do marasmo em que estava (o IPCA teve alta mensal de 0,51% em novembro, ante 0,10% de outubro). Muito analistas concordam, entretanto, que são pressões que recaem sobre itens pontuais da cesta de consumo do brasileiro enquanto o grosso dos produtos e serviços segue com reajustes comportados. Isso dá escopo para a crença de que os juros brasileiros devem ainda se manter em um patamar baixo por um bom tempo.
Nos Estados Unidos, dados muitos bons de emprego divulgados na semana passada reforçaram a intenção que o Fed já vinha sinalizando de fazer uma pausa nos cortes de juros. A taxa de referência foi reduzidos em 0,25 ponto na última reunião, para a banda de 1,5% a 1,75%. Dados oficiais apontaram que a taxa de desemprego no país foi de 3,5% em novembro, uma das menores desde 1969.
Em todos os casos – Europa, EUA e Brasil –, as decisões da semana não prometem surpresas, e as atenções estarão muito mais interessadas nos comunicados que as autoridades devem emitir depois. São essas declarações que darão as dicas de quais serão os rumos a serem tomados no próximo ano por cada um dos bancos centrais.
Fonte: Exame