A saúde financeira das empresas de construção listadas na bolsa de valores brasileira está melhorando em diversas frentes, como o lucro e o nível de endividamento, e, em conjunto, essas companhias atingiram em novembro o seu maior valor de mercado desde pelo menos 2014. É o que mostra levantamento feito pela consultoria Economatica com base nos dados de 11 incorporadoras e construtoras de capital aberto no país, como Cyrela, Eztec, Helbor e MRV.
Em 21 de novembro, o valor de mercado consolidado somado dessas empresas era de 42,4 bilhões de reais. É um aumento de 17,8% em apenas um mês (em outubro esse total era de 36 bilhões de reais) e o maior valor desde pelo menos dezembro de 2014 (17 bilhões de reais), período verificado pela Economatica.
Os valores não estão atualizados pela inflação. O levantamento levou em consideração as companhias do ramo de construção com balanços trimestrais disponíveis para todo o período de dezembro de 2014 a setembro de 2019.
No conjunto, a receita líquida operacional dessas empresas somou 4,2 bilhões de reais no terceiro trimestre de 2019 e desde o último trimestre de 2018 se mantém acima dos 4 bilhões de reais – faixa que desde dezembro de 2015 não era mais sido ultrapassado.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (3,25 bilhões de reais), a receita líquida do setor apresenta um aumento de 30%, embora, ante o trimestre imediatamente anterior (4,39 bilhões de reais), tenha caído 3,4%.
De volta ao lucro
O lucro das incorporadoras segue crescendo e o setor completou, em setembro, o quarto semestre no azul, depois de ter ficado no prejuízo por oito dos nove trimestres entre setembro de 2016 e setembro de 2018. No terceiro trimestre de 2019, as 11 incorporadoras da lista somaram, juntas, lucro líquido de 434 milhões de reais, alta de 30,8% ante o segundo trimestre (332,1 milhões de reais).
Foi o melhor resultado desde dezembro de 2015, quando o lucro líquido total registrado, em valores da época, foi de 631 milhões de reais.
A rentabilidade sobre o patrimônio, medida pelo ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), foi de 7,02% no terceiro trimestre deste ano e ficou positiva pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2016, quando havia sido ide 1,72%. O ROE é a medida que verifica quanto o lucro líquido gerado representa do total do patrimônio líquido das empresas, considerando os valores acumulados em quatro trimestres.
O melhor ROE registrado pelo conjunto das incorporadoras nos últimos cinco anos foi o do terceiro trimestre de 2014, quando a rentabilidade ficou em 12,07%. O pior resultado registrado foi o do terceiro trimestre de 2017, quando o prejuízo chegou a -8,24% do patrimônio líquido total.
Trisul, com ROE de 15,06%, e a MRV, com 14,19%, tiveram os melhores indicadores de rentabilidade do setor, considerado o acumulado de quatro trimestres até setembro deste ano. Os piores desempenhos do período, na outra ponta, ficaram com a Tecnisa e a a CR2, com ROE de -28,8% e -11,3%, respectivamente.
Endividamento em queda
A dívida líquida (que leva em consideração a dívida bruta total das empresas subtraída do volume de dinheiro disponível em caixa) caiu pelo nono trimestre consecutivo e atingiu 5,28 bilhões de reais, o menor valor desde 2014.
O caixa das empresas observadas, no total, somava 6,5 bilhões de reais ao fim de setembro de 2019, o maior valor desde o trimestre encerrado em março de 2017 (6,6 bilhões de reais).
Fonte: Exame