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Caixa reduz juros imobiliários, mas não alcança bancos privados

Sexta, 11 Outubro 2019

Apesar de a Caixa Econômica Federal ter anunciado corte de até 1,0 ponto porcentual nos juros dos financiamentos imobiliários com recursos da poupança (SBPE) no período da manhã desta terça-feira, 8, não foi mais agressiva que os bancos privados, que já tinham feito tal movimento.

Com a ofensiva do banco público, porém, as instituições ficam mais alinhadas, com o título de menor juro no segmento nas mãos do Bradesco, seguido pelo Itaú Unibanco.

Nesta terça, a Caixa anunciou que o juro mínimo cobrado no crédito imobiliário com recursos da poupança passará de 8,50% mais Taxa Referencial (TR) para 7,50% mais TR.

No Bradesco, a taxa mínima passou de 8,20% ao ano mais TR para 7,30% ao ano mais TR.

Já o Itaú está oferecendo crédito imobiliário a partir de 7,45% ao ano mais TR ante juros de 8,1% a ano mais TR.

Dos grandes bancos de varejo no Brasil, falta apenas o Santander aderir à mais nova rodada de corte de juros nos financiamentos imobiliários, motivado pela queda da taxa básica, a Selic, para 5,5% ao ano.

O banco, que reúne nesta terça investidores e analistas para falar sobre perspectivas para a instituição no País, puxou essa fila no início de julho ao baixar sua taxa mínima para 7,99% ao ano mais TR.

A mais recente leva de corte de juros ocorre em meio ao cenário de redução de juros no País, com a Selic no patamar histórico de 5,5% ao ano. Além de elevar a concorrência entre os bancos, servindo de trampolim para a portabilidade no crédito imobiliário, as novas taxas tendem a empurrar os juros para o menor piso histórico do setor.

Ao fim de agosto, a taxa do segmento, considerando recursos direcionados, estava em 8,2% ao ano, acima de julho, com 7,7% ao ano, segundo dados divulgados do Banco Central. O piso no segmento foi visto em fevereiro de 2013, quando o juro do crédito imobiliário estava em 7,69%.

Mais reduções

A taxa do crédito imobiliário da Caixa continuará a cair caso o Banco Central (BC) reduza mais vezes a taxa básica de juros, a Selic.

“Nós reagiremos a quaisquer movimentos de redução da taxa de juros pelo Banco Central. Se o BC continuar reduzindo juros, nós seguiremos essa redução”, disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ao divulgar a redução de juros do crédito imobiliário.

Segundo Guimarães, a redução anunciada hoje é “uma reação à redução consistente dos juros” pelo Banco Central. “Se acreditássemos que a redução não fosse consistente não teríamos baixado”, disse.

Sobre a linha de financiamento imobiliário, lançada recentemente, com correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o presidente da Caixa disse que não há previsão de redução de juros, por pelo menos, seis meses, mesmo que a Selic fique menor.

Segundo ele, no momento, o banco estuda a securitização do crédito. “Neste momento, queremos conversar sobre vender esse crédito. Não pretendemos reduzir a taxa do IPCA pelos próximos seis meses pelo menos, até a gente testar a securitização”, disse.

FGTS

Outra discussão no setor é a disputa pela administração dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que hoje é monopólio da Caixa. O desejo dos bancos privados de dividir o bolo é antigo.

Conforme anteciparam na segunda-feira o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a Caixa vai apresentar ao ministro da Economia, Paulo Guedes, uma proposta de redução da sua taxa de administração para manter o monopólio.

Atualmente, o banco público cobra uma taxa de 1% para administrar os cerca de R$ 550 bilhões do fundo, cujos recursos são usados pelos mutuários para abater do crédito imobiliário, obter taxas mais atrativas.

Além disso, o veículo financia projetos de infraestrutura, saneamento e habitação como, por exemplo, o Minha Casa, Minha Vida. Uma das propostas em análise, conforme apuraram o Estadão e o Broadcast, seria cortar a taxa para 0,8%. No ano passado, a Caixa obteve R$ 5,1 bilhões do governo federal. Com a nova taxa, essa receita cairia para pouco mais de R$ 4 bilhões.

 

Fonte: Exame