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BC corta Selic em 0,5 p.p., para 5,5% ao ano, e renova mínima histórica

Quinta, 19 Setembro 2019

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) cortou em 0,5 ponto percentual (p.p.) — de 6% para 5,5% ao ano — a taxa básica de juros da economia (Selic) nesta quarta-feira, (18). A votação foi unânime.

Com a redução, em linha com as expectativas de mercado, a taxa renovou seu nível mínimo histórico.

Em comunicado divulgado no início da noite desta quarta, a autoridade monetária diz que vai ficar atenta ao cenário econômico, mas indica que pode haver mais cortes esse ano.

“O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”.

As próximas reuniões do comitê serão em 29 e 30 de outubro e 10 e 11 de dezembro.

O BC iniciou um novo ciclo de relaxamento monetário na reunião anterior, em agosto, quando a Selic foi cortada também em 0,5 ponto percentual.

Na ocasião, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse acreditar na “consolidação de cenário benigno da inflação” e sinalizou que haveria mais cortes de juros nos próximos encontros.

A inflação no Brasil está rodando abaixo da meta, com acúmulo de 3,44% nos 12 meses até julho. O alvo da autoridade monetária é de 4,25%.

Além dos preços controlados, um ambiente de maior controle do gasto público, consolidado pela reforma da Previdência perto da aprovação no Congresso, formam um cenário propício para os cortes.

Economia fraca no Brasil e no exterior também justificam a redução de juros. O afrouxamento tem sido adotado em grande escala por outros países.

Mais cedo, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou seu segundo corte de juros desde a crise de 2008. O primeiro foi na reunião anterior, em julho. Desta vez, no entanto, a autoridade deu sinais em direções diferentes sobre os próximos passos da sua atuação.

A estimativa do mercado medida pelo Boletim Focus é de que a Selic chegue a 5% até o fim deste ano. Para 2020, a expectativa é que a taxa básica esteja em 5% ao ano ante 5,25% da sondagem anterior.

Veja comunicado do BC na íntegra:

Copom reduz taxa Selic para 5,50% a.a.

Em sua 225ª reunião, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 5,50% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

Indicadores de atividade econômica divulgados desde a reunião anterior do Copom sugerem retomada do processo de recuperação da economia brasileira. O cenário do Copom supõe que essa retomada ocorrerá em ritmo gradual;

No cenário externo, a provisão de estímulos monetários adicionais nas principais economias, em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes. Entretanto, o cenário segue incerto e os riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem;

O Comitê avalia que diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;

As expectativas de inflação para 2019, 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,5%, 3,8%, 3,75% e 3,5%, respectivamente; e

No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 3,3% para 2019 e 3,6% para 2020. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 5,00% a.a. e permanece nesse patamar até o final de 2020. Também supõe trajetória para a taxa de câmbio que termina 2019 em R$/US$ 3,90 e permanece nesse patamar até o final de 2020. No cenário com juros constantes a 6,00% a.a. e taxa de câmbio constante a R$/US$ 4,05*, as projeções situam-se em torno de 3,4% para 2019 e 3,6% para 2020. O cenário híbrido com taxa de câmbio constante e trajetória de juros da pesquisa Focus implica inflação em torno de 3,4% para 2019 e 3,8% para 2020.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma eventual frustração em relação à continuidade das reformas e à perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. O risco (ii) se intensifica no caso de (iii) deterioração do cenário externo para economias emergentes.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros para 5,50% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020.

O Copom reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

O Copom avalia que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas enfatiza que perseverar nesse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva.

Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve ajuste no grau de estímulo monetário, com redução da taxa Selic em 0,50 ponto percentual. O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. O Copom reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente), Bruno Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, Fernanda Feitosa Nechio, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$ observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do Copom.

 

Fonte: Exame