Depois de a Caixa anunciar, em abril, a redução dos juros cobrados em suas linhas para financiar imóveis, os concorrentes reagiram e passaram a oferecer taxas ainda mais competitivas do que as oferecidas pelo banco público.
De acordo com levantamento do site Canal do Crédito, a taxa efetiva de juros cobrada pela Caixa, de 9% no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e 10% no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), só não é maior atualmente do que a cobrada pelo Banco do Brasil. O banco cobra juros a partir de 10,44% em financiamentos enquadrados no SFH e a partir de 11,34% no SFI.
O SFH financia imóveis de até 800 mil reais em todo o país, exceto Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, onde o limite é de 950 mil reais. Já o SFI financia imóveis cujos valores ficam acima dos limites do SFH.
Após a redução de 0,20 ponto porcentual das taxas nas duas linhas, o Itaú passou a oferecer o menor juros entre os concorrentes: a partir de 8,8% no SFH e 9,3% no SFI. O banco é seguido pelo Bradesco, onde as taxas partem de 8,95% no SFH e 9,45% no SFI. Em terceiro lugar, está o Santander, que oferece juros a partir de 8,99% no SFH e 9,49% no SFI.
Veja abaixo as taxas de juros cobradas pelos bancos nos financiamentos imobiliários:
Os bancos privados não reagiram apenas à baixa de juros da Caixa, mas também foram incentivados a cortar os juros por conta do ciclo de cortes na Selic promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Após um ano de baixas consecutivas da Selic, o Copom resolveu manter os juros básicos em 6,5% ao ano na semana passada.
Apesar de ressaltar que os movimentos mais recentes são uma clara reação ao anúncio feito pela Caixa em abril e um reflexo da queda da Selic, Marcelo Prata, diretor do Canal do Crédito, diz que os bancos privados já haviam tomado a frente no crédito para imóveis desde o ano passado, confiando em uma retomada do mercado imobiliário e melhora da economia. “Só o Banco do Brasil parece que está um pouco perdido na estratégia. É um banco muito reativo, está sempre atrás do movimento dos outros bancos”.
Tanto que o corte de juros que o Santander promoveu nas duas linhas em abril não foi o primeiro. O banco já havia anunciado redução das taxas em julho do ano passado, antes mesmo do início do ciclo de cortes da Selic.
Apesar de a Caixa oferecer linhas com taxas menores, como a Pró-Cotista, que utiliza recursos do FGTS, Prata lembra que o banco público vem sofrendo com falta de disponibilidade de crédito não apenas na linha subsidiada, mas também em outras oferecidas pelo banco. “Portanto, ainda que reduza os juros, não significa que o banco público terá o crédito. O movimento de corte da taxa na Caixa acaba sendo político, mas depois o banco não dá conta da demanda. Diferente da Caixa, quando os bancos privados baixam as taxas eles têm de entregar o crédito, senão têm um risco muito forte de manchar sua imagem”.
Outras condições pesam na escolha
A taxa efetiva de juros é só um primeiro indicador que o consumidor deve olhar ao buscar financiar um imóvel. O mais importante é comparar o Custo Efetivo Total (CET) do financiamento entre os bancos. “Pode ser que o banco ofereça uma taxa de juros menor, mas no final das contas, considerando o preço do seguro e outras despesas do financiamento, o crédito pode ficar mais caro. O consumidor evita de cair nessa pegadinha ao comparar o CET”, diz Prata, do Canal do Crédito.
Outras condições oferecidas, como prazo máximo de financiamento e valor máximo financiado, também podem ser mais importantes para quem está com o orçamento apertado, já que podem exigir um valor menor de entrada e diluir mais as parcelas. “Não são todos os bancos que financiam imóveis em até 35 anos. E enquanto a Caixa financia até 70% do valor de imóveis usados, os bancos privados chegam a financiar 80% do valor”, diz Prata.
Compare abaixo o prazo máximo de financiamento e o valor máximo do imóvel financiado em cada banco:
Fonte: Exame