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Previdência e Copom vão segurar o Ibovespa em 100 mil pontos?

Terça, 06 Agosto 2019

O que já está ruim pode piorar? É o que investidores tentarão descobrir nesta terça-feira, quando uma nova estocada dos Estados Unidos contra a China deve voltar a pesar na bolsa e nas negociações de câmbio.

Ontem, os principais índices globais caíram acima dos 2% após a China desvalorizar sua moeda, o iuane, para o menor nível em uma década e proibir a importação de produtos agrícolas norte-americanos.

Era uma reação a um tweet publicado na quinta-feira por Donald Trump, anunciando novas tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares em produtos chineses. A escalada fez o VIX, o índice que mede a incerteza global, subir 40% apenas ontem.

Nesta terça-feira, a dúvida é a reação dos investidores sobre a uma determinação tomada na noite de ontem pelo governo americano. O Departamento de Tesouro dos EUA acusou formalmente a China de manipular o câmbio pela primeira vez desde 1994, tornando oficial as ameaças feitas há meses por Trump no Twitter.

O Banco Central da China respondeu que a decisão “danifica severamente a ordem internacional e provoca caos nos mercados financeiros”. Em comunicado, disse ainda que a decisão americana “pode impedir uma recuperação econômica e comercial”, e afirmou que “não usou e não vai usar o câmbio como uma ferramenta para lidar com disputas comerciais”.

O banco Goldman Sachs divulgou um relatório afirmando, segundo a agência Reuters, que não espera um acordo antes das eleições americanas de novembro do ano que vem.

A instituição espera, agora, dois novos cortes de juros nos Estados Unidos, além do já anunciado pelo Fed, o banco central americano, na semana passada. Seria uma tentativa de manter a tração da economia do país pelos próximos trimestres.

As bolsas asiáticas voltaram a fechar em queda nesta quinta-feira. O índice Nikkei, de Tóquio, caiu 0,65; Xangai fechou em baixa de 1,56%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,67%.

No Brasil, duas notícias internas podem evitar um novo mergulho, desta vez de volta para a casa dos 90 mil pontos, marca que ficou para trás no dia 18 de junho.

A primeira é a definição do calendário de votação da reforma da Previdência em segundo turno na Câmara. A expectativa é que deputados voltem a se reunir ainda esta semana para votar o texto — mas a falta de quórum na sessão de ontem de Câmara, com apenas 39 presentes, mostrou que convém manter a cautela.

Ainda hoje, às 8h, o Comitê de Política Monetária do Banco Central divulga a ata da reunião de julho que baixou os juros brasileiros de 6,5% para 6%, o menor patamar da história.

Analistas buscarão por pistas de para onde vai a Selic até o fim do ano — as previsões ficam em torno de 5,25%. Seria uma munição a mais para o mercado em meio à guerra comercial. Se será suficiente, ficará mais claro nas próximas horas.

 

Fonte: Exame