Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúnem a partir desta terça-feira para definir qual deverá ser a nova taxa Selic, a taxa básica de juros do país, com o claudicante desempenho da economia como pano de fundo. O anúncio será feito na quarta-feira (31).
Com a reforma da Previdência aparentemente engatada no Congresso, crescem as expectativas de que o Copom deve promover já neste encontro um primeiro corte nos juros.
Pelas apostas, a redução pode chegar até 0,5 ponto percentual. Isso levaria a Selic a 6%, depois de dez reuniões da cúpula do BC sem alterações e mais de um ano estacionada nos 6,5%, o menor nível de sua história até aqui – o Copom se reúne a cada 45 dias para discutir a Selic e desde março de 2018 não mexe nela.
As expectativas do mercado, de acordo com o Boletim Focus do BC, são de que a Selic encerre 2019 em 5,5%. Inflação excepcionalmente baixa (o IPCA, índice oficial, acumula 3,37% em 12 meses até junho) e, principalmente, uma economia que pouco se mexe já há três anos desde o fim da recessão de 2015 e 2016, estão entre as principais razões para a expectativa por cortes na Selic. Juros mais baixos barateiam o crédito, estimulam o consumo e tendem a empurrar a atividade econômica para frente.
A mudança nos juros seria só uma parte da receita para tirar a economia da inércia – o PIB caiu 0,2% no primeiro trimestre, os analistas entrevistados pelo Boletim Focus projetam crescimento de apenas 0,82% para o ano e o governo, que também cortou sua estimativa, fala em alta de 0,81%.
Nos Estados Unidos, onde o Banco Central também deve anunciar na quarta-feira uma redução nos juros, a cobrança sobre uma postura mais ativa vem do presidente Donald Trump. Ontem, ele afirmou que o Fed, o banco central americano “não faz nada” pela economia do país.
Por aqui, engessado nos gastos, já que o déficit público segue comendo os recursos, o governo, sob a batuta do ministro da Economia, Paulo Guedes, costura uma série de projetos e programas para injetar recursos na economia e destravar o crescimento, conforme mostra a revista Veja desta semana.
A liberação de saques do FGTS já a partir deste ano, que trará 42 bilhões de reais, e a flexibilização do compulsório dos bancos, que deve liberar outros 120 bilhões de reais para o caixa das instituições financeiras, estão entre as mais imediatas delas. Ontem veio a público até um inusitado plano de isentar varejistas de taxas em setembro, criando uma espécie de Black Friday financiada pelo governo.
Seria, claro, mais uma medida de rouba monte. Há projetos mais estruturantes no radar, porém. Na semana passada, o anúncio do programa batizado de Novo Mercado do Gás prometeu maior competição no setor e redução nos preços finais do produto, um importante insumo para consumidores e indústria. Em paralelo à Previdência, caminham no Congresso também a reforma tributária e a medida provisória da Liberdade Econômica, que flexibiliza diversas exigências a empresas.
Enquanto essas medidas não saem do papel, o mercado segue vidrado nas reuniões do Comitê de Política Monetária para reduzir a taxa de juros.
Fonte: Exame