O salário mínimo “necessário” para sustentar uma família no Brasil é de R$ 4.214, 62. O valor é mais de quatro vezes maior do que o salário nominal vigente hoje, de R$ 998.
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), esse é o valor suficiente “para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”.
O cálculo é feito mensalmente desde 1994 com base no valor da cesta básica mais cara, atualmente a de São Paulo (R$ 501,68), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 498,67) e por Porto Alegre (R$ 498,41).
Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 383,09) e Salvador (R$ 384,76).
Em junho, o custo do conjunto de alimentos essenciais diminuiu em 10 capitais e aumentou em outras sete, conforme mostra resultado da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.
O Dieese destaca também que, quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em junho, 47,9% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica.
Em São Paulo, que tem a cesta básica mais cara, esse comprometimento atingiu 54,64% do salário mínimo líquido. Em junho do ano passado, a porcentagem era de 51,46%.
Nova política?
Em abril, o governo Bolsonaro enviou para o Congresso o seu Orçamento para 2020 com a previsão de um salário mínimo de R$ 1.040, sem ajuste real.
O valor é o resultado do piso atual, mais a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), estimada para encerrar este ano em 4,2%.
Instituída no governo Dilma Rousseff em 2011, a política de reajuste do mínimo previa correção dos salários com base na inflação do ano anterior somada à variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
O governo nega que esta seja uma nova política permanente para o mínimo, o que só seria definido em dezembro.
Entre 2005 e 2019, o valor do salário mínimo no Brasil subiu 283,8% enquanto que a inflação medida pelo INPC avançou 120,2%.
Fonte: Exame