O momento de otimismo na bolsa brasileira, que subiu 4% em junho e fechou o primeiro semestre com alta de 14,8%, depende do desenrolar da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara nesta quinta-feira. Assim como aconteceu ontem, es políticas e econômicas do governo de Jair Bolsonaro neste primeiro semestre. Um novo atraso em sua aprovação colocaria em xeque a tramitação da pauta antes do recesso parlamentar, no dia 18 de julho. Seria o sinal para um período de incertezas no mercado financeiro.
No entanto, a expectativa é de que o texto do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) seja votado nesta quinta-feira, 4. O caminho da reforma da Previdência ainda é longo. Depois de passar pela comissão especial, precisa ser aprovado em dois turnos no plenário da Câmara e, depois, no do senado.
As previsões mais otimistas preveem aprovação no Senado em setembro. Seria a concretização do fim de ano de avanço econômico prevista por investidores e analistas. Com este calendário em vista, há estimativas de que a bolsa pode avançar dos atuais 102 mil para mais de 115 mil pontos até o fim do ano — há quem fale em 130 mil pontos. Mas tudo depende da sessão de hoje na CCJ.
Ontem, deputados vararam a madrugada para derrubar cinco requerimentos de adiamento da votação do relatório final. O reinício da sessão ficou marcado para hoje, 9h. Após um dia de muita negociação, ontem, tudo ficou como estava. Estados e municípios seguem fora da proposta, e policiais seguem com idade mínima de aposentadoria de 55 anos, ante 53 pretendidos pelo presidente Jair Bolsonaro. O aumento da alíquota de CSLL de 15% para 20% foi limitada aos bancões, excluindo corretoras.
Apesar das indefinições internas, o índice Ibovespa subiu 1,4% ontem puado pelo otimismo internacional que fez os índices americanos baterem recordes históricos. Nesta quinta-feira, é feriado em Wall Street, o que deve ajudar a mostrar o peso da Previdência nos rumos da bolsa. É um dia decisivo para antecipar todo o segundo semestre.
Policiais
O presidente Jair Bolsonaro, criticado por ter feito muito pouco esforço pela reforma da Previdência, entrou em campo e ligou para líderes de partidos mais alinhados ao governo e propôs um acordo para agradar a categoria de policiais, que não concordava com a idade mínimo proposta pela reforma de Paulo Guedes. Pelo menos quatro desses deputados confirmaram, sob condição de anonimato, terem sido procurados pelo presidente. No entanto, a categoria não aceitou a oferta de Bolsonaro e não quis negociar.
Antes, um acordo chegou a ser anunciado por líderes de partidos para diminuir as exigências para a aposentadoria dos policiais, mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comunicou o fracasso das negociações. “Uma concessão a policiais poderia gerar efeito cascata”, disse, após reunião com o relator da reforma na Comissão Especial, Samuel Moreira (PSDB-SP), e o presidente da comissão, Marcelo Ramos (PL-AM).
A proposta original, enviada pelo governo em fevereiro, cria idade mínima de 55 anos para a aposentadoria da categoria, com 30 anos de contribuição. As exigências foram mantidas na terceira versão do parecer de Moreira, lida ontem na Comissão Especial.
Fonte: Exame