Os produtos isentos de imposto de renda caíram nas graças dos investidores brasileiros que querem diversificar as aplicações e melhorar a rentabilidade em um momento em que as taxas de juros estão em queda, nos menores níveis da história. Nesta semana mesmo, há várias ofertas em andamento de papéis de grandes empresas voltados para pessoas físicas com isenção.
Mas é preciso cuidado com o encanto da alíquota zero, alerta a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O benefício tributário não deve ser o único motivador para a escolha. O site Como Investir, da Anbima, mostra os principais cuidados na hora de escolher um investimento isento
Observar o que mais o produto oferece
Entre os investimentos isentos mais comuns, estão as letras de crédito, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a de Crédito do Agronegócio (LCA), as debêntures incentivadas, também conhecidas como debêntures de infraestrutura, e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA). Há ainda os fundos imobiliários e os fundos de debêntures incentivadas.
Antes de escolher um deles, é preciso analisar os demais atrativos que ele oferece. Um único ponto positivo – como a ausência do imposto – não pode ser o principal fator de decisão. “Quando uma pessoa decide viajar para a praia, ela decide por se interessar e se identificar com o destino, e não porque são oferecidas cadeiras gratuitas nos quiosques, por exemplo”, afirma Ana Leoni, superintendente de Educação da Anbima. Este é um ponto positivo, um bônus. Mas a escolha principal já foi feita e baseada em vários outros fatores. Se não, a pessoa corre o risco de ir para praia mesmo sabendo que o que ela gosta mesmo é do frio das montanhas, explica.
Uma decisão de investimento funciona da mesma forma: não deve ser levado em conta um único benefício. A ausência de imposto deve ser vista como as cadeiras desse exemplo, diz Ana. “Para decidir ou não pelos produtos isentos, é preciso analisar se estão de acordo com os objetivos e o perfil do investidor”, explica.
O que analisar: Qual é o meu perfil?
Analisar seu perfil de investidor antes de aplicar é essencial. Assim como há pessoas mais aventureiras e outras mais “pés no chão”, há investidores com maior apetite ao risco e outros com total intolerância a perdas. Há, assim, quem prefira a segurança da renda fixa e outros que gostam de arriscar um pouco mais no mercado de ações.
Não há certo ou errado nesse caso. O importante é que os produtos de investimento estejam adequados ao seu perfil. Está na dúvida? Corretoras, plataformas de investimento e instituições financeiras podem ajudar, com a aplicação de um questionário chamado de Análise de Perfil do Investidor (API). Ele mostrará se você tem um perfil mais conservador, moderado ou arrojado.
Qual é o prazo?
A intenção é fazer um intercâmbio ou manter a renda atual nos anos de aposentadoria? Trocar de carro ou realizar o sonho de viajar para o exterior? Não importa qual o objetivo, há sempre um investimento apropriado. A dica é tentar casar o vencimento do produto com a necessidade de ter o dinheiro em mãos, ou seja, o prazo. Quanto mais distante estiver o plano, maior é o tempo para juntar recursos e compensar eventuais perdas pelo caminho. Isso tudo influencia na escolha do produto, afinal, cada um tem seu prazo específico.
Liquidez
O prazo está diretamente ligado a outro fator muito importante na hora de escolher uma aplicação: a liquidez, isto é, a capacidade e a velocidade de transformar aquele investimento em dinheiro na conta corrente. Sonhos de curto prazo pedem produtos com liquidez também de curto prazo, que podem ser resgatados a qualquer momento sem grandes complicações (taxas, descontos etc). Fique atento aos períodos mínimos de carência: há produtos que não podem ser resgatados antes de um tempo mínimo, como 90 dias ou 180 dias.
Fazer as contas
Os investimentos isentos têm um atrativo natural, mas é sempre recomendado que o investidor compare esses títulos com outras opções de produtos no mercado que não oferecem o mimo tributário. É preciso fazer contas – os isentos nem sempre rendem mais.
Por exemplo, uma LCI ou LCA com taxa inferior ao CDI pode ser bastante atrativa no curto prazo em relação a um CDB que pague mais de 100% do CDI. Mas, em um prazo mais longo, mais de dois anos, a rentabilidade maior do CDB em relação ao CDI acabará compensando o imposto e até superando o ganho da LCI isenta em alguns casos.
O Como Investir é uma iniciativa da Anbima que traz notícias sobre o universo de finanças pessoais, sempre acompanhando os assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas e o que acontece na economia do país.
Fonte: Exame