O Comitê de Política Monetária (Copom) já deu sinais de que um novo ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, pode ser iniciado no segundo semestre desse ano. As baixas dos juros podem acontecer por dois motivos: caso a Reforma da Previdência avance ou seja aprovada e se a economia continuar estagnada.
Economistas estão divididos sobre qual será o tamanho desse ciclo de cortes, mas apostam, em média, que a Selic, atualmente em 6,5% ao ano, seja cortada em 0,75 ponto porcentual e chegue a 5,75% no final de 2019, renovando seu patamar mínimo histórico.
Mas como esse provável ciclo de corte tem impacto sobre sua carteira de investimentos? De duas formas: será necessário, mais do que nunca, pesar o custo das aplicações e, naturalmente, tomar mais risco para manter o nível de rentabilidade atual.
Analistas lembram, porém, que tomar mais risco não é garantia de rentabilidade maior. Ou seja, não vale para quem não tem espaço no orçamento para arcar com eventuais perdas, diz o consultor financeiro Humberto Veiga. “O cuidado com o risco agora deve ser muito maior. Em lugar de ganhar mais, o investidor deveria pensar em poupar mais ou ter mais paciência para aguardar um retorno maior caso queira manter o seu nível de renda”. O consultor de finanças pessoais Jurandir Macedo completa. “Quem não pode tomar risco vai ganhar pouco. É assim no mundo todo”.
Com relação a custos, se atualmente produtos como fundos DI que tenham taxa de administração de 1% já estão com custos proibitivos e perdem em rentabilidade até para a poupança em prazos mais curtos, a tendência é que essa diferença se aprofunde com uma Selic menor. “Hoje o investidor perde 15% da sua remuneração em fundos com essa taxa. É muito dinheiro”, diz Veiga. Portanto, o foco do investidor deve ser buscar aplicações com o mesmo risco das que tem na carteira, mas mais rentáveis. “Ou seja, achar as que cobram menos”.
Perfil deve definir aplicação
Conhecer seu perfil de investidor e como funciona a aplicação financeira é essencial para reduzir eventuais riscos na hora de diversificar a carteira.
Macedo, por exemplo, já não recomenda comprar alguns títulos do Tesouro Direto. “O título Tesouro IPCA já caiu para um nível bastante baixo. Não vejo muito espaço para ganhar dinheiro com o título. O rendimento de 3,8% ao ano, retirado imposto de renda, chega a 2%. É muito pouco”.
Para investidores mais conservadores, é mais aconselhável, segundo Veiga, investir em títulos atrelados à taxa CDI, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito Agrícola (LCAs). “Isentas de imposto de renda e sem taxa de custódia, essas aplicações podem render mais do que o Tesouro Direto. Além disso, aplicações de até 250 mil reais são garantidas pelo FGC”.
Já no caso de investidores mais agressivos, os consultores indicam os fundos de índice (ETFs) “É um produto mais econômico do que fundos de ações que cobram 3% de taxa de administração e também são passivos. No ETF, a taxa é de 0,25%”.
Investir no exterior também é algo que deve entrar no radar dos investidores em um cenário de juros menores, como forma de diversificar e também se proteger de volatilidades de investimentos no país por conta de um cenário incerto.
ETFs que têm como referência índices de ações estrangeiros podem ser uma opção para investir lá fora. “Fundos cambiais também podem ser uma forma de proteção em caso de uma crise econômica global, na qual o dólar tem grande probabilidade de subir”, diz Veiga.
Caso a Reforma da Previdência seja aprovada, Macedo espera um boom de IPOs e empresas se financiando via mercado de capitais. “Esse cenário vai dar ao investidor mais opções de aplicações em ações e também debêntures”.
Novas modalidades de investimento, como empréstimo entre pessoas e crowdfunding, devem ser buscadas por investidores mais arrojados.
Fonte: Exame