O que parecia impensável há dez dias começa a entrar no radar de alguns operadores e até de um nome bastante experiente no mercado.
A curva de juros já embute uma chance marginal, de pouco mais de 6 pontos, o equivalente a uma probabilidade de 25%, de que a Selic seja cortada no Copom da próxima quarta-feira, 19, – antes, portanto, de um sinal efetivo de aprovação da Previdência. Até a semana passada, essa aposta era praticamente nula.
O cenário mais provável ainda é de que o novo ciclo de flexibilização comece no segundo semestre – e a Selic seja mantida em 6,5% nesta semana. O Banco Central já deixou claro que aguarda o desenrolar da reforma na Câmara, visão compartilhada por economistas, dada a fragilidade das contas públicas.
Além disso, analistas vêm dizendo que o BC teria que fazer algum tipo de sinalização antes do corte, e o discurso da autoridade monetária se mantém mais cauteloso. Essa alteração teria que vir, portanto, na próxima semana, preparando o terreno para os próximos meses.
Mas, com dados da atividade especialmente fracos — IBC-Br veio novamente abaixo do esperado em abril –, inflação podendo ficar abaixo da meta em 2020 e expectativas ancoradas, o caminho já estaria aberto para que a flexibização comece agora, na avaliação do ex-BC e sócio da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo.
“Eu acho que pode vir agora, sim. Apesar do comunicado do BC até recentemente, as condições já estão bem presentes para a necessidade de queda de juros já nesta próxima reunião”, diz Figueiredo.
O Itaú passou a ver uma Selic de 5% em 2019 e 2020, como resposta ao ritmo lento da recuperação da atividade, que contribui para perspectivas inflacionárias mais favoráveis. A expectativa de corte está condicionada à aprovação da reforma da Previdência, mas foi antecipada.
“Entendemos que o Copom não cortará a taxa Selic antes da aprovação da reforma na primeira votação na Câmara, mas agora esperamos que isto ocorra em julho ao invés de agosto”, diz o banco Itaú em relatório.
Considerando que o BC não corte a Selic na semana que vem, a curva já precifica quase completamente uma redução em 31 de julho.
Fonte: Exame