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De 50 fundos DI e Curto Prazo, maioria perde da inflação e da poupança

Quinta, 20 Dezembro 2018

O ano de 2018 tem sido mais magro para os investidores de renda fixa, mas foi esquelético para muitos daqueles que deixam o dinheiro em fundos conservadores, DI ou Curto Prazo, de varejo, dos grandes bancos. Levantamento feito com a ferramenta de fundos da Economática mostra que entre os 50 fundos com mais cotistas voltados para pessoas físicas, mais da metade, ou seja, 27, renderam menos que a inflação do IPCA de janeiro a novembro, que ficou em 3,59%. Isso considerando o rendimento líquido, descontado o imposto de renda, de 20% para aplicações de 11 meses.

Ao render menos que a inflação, o fundo não garante ao investidor sequer a proteção do valor do dinheiro contra a variação dos preços da economia, que dirá um rendimento real para compensar o tempo que a pessoa abriu mão do consumo ou o custo de oportunidade de aplicar em outra coisa.

Já se a comparação for com a caderneta de poupança nova, com depósitos a partir de 4 de maio de 2011, e que acumula 4,23% de rendimento de janeiro a novembro, 38 fundos perdem, considerando o rendimento líquido das carteiras. Nesse caso, a poupança está acima da inflação do IPCA, que recuou neste fim de ano. Se a comparação dos fundos for com a poupança antiga, ou seja, para os depósitos feitos antes de 4 de maio de 2011, aí nenhum fundo consegue superar a aplicação, que rende 5,64% no ano até novembro. Isso porque a poupança antiga segue rendendo 0,5% ao mês líquido, ou 6,17% ao ano, quase a taxa Selic bruta, de 6,5%.

Fundo rende 0,54% em 11 meses
A melhor rentabilidade líquida entre os 50 fundos é de 4,53% de janeiro a novembro, ou 5,66% brutos. Já a menor é de 0,54% líquidos, equivalentes a 0,67% brutos, antes do imposto. Isso em 11 meses. Ou seja, um investidor que aplicou R$ 10.000 nesses fundos receberia, após 11 meses, no máximo R$ 453 e, no mínimo, R$ 54,00.

O motivo é a queda da taxa básica de juros neste ano para o menor nível da história recente do país, 6,5% ao ano. Com esse nível de juros, as taxas de administração cobradas pelos bancos nesses fundos populares têm maior impacto. E há fundos que cobram até 5,5% ao ano do investidor, ficando com praticamente todo o ganho pago pelos títulos do governo. Dos 6,5% pagos, 5,5% ficam com o banco e o cliente com o 1% restante, e ainda sujeito a imposto de renda.

Para acompanhar o impacto das taxas de administração, basta verificar na última coluna da tabela como elas caem à medida que a rentabilidade aumenta. Como esses fundos em sua maioria aplicam em papéis do governo corrigidos pela Selic, o maior diferencial de desempenho é a taxa de administração.

Fundos caros perdem depósitos
A boa notícia é que esses fundos mais caros estão perdendo investidores, que estão percebendo que há alternativas mais interessantes para o dinheiro, mesmo no curto prazo, às vezes dentro do próprio banco. A comparação do patrimônio atual com a média (terceira coluna da tabela) mostra que vários desses fundos caros estão encolhendo. O patrimônio do Santander Inteligente, que cobra 5,5% de taxa, por exemplo, representa 78,87% da média de um ano, ou seja, 21% menos. O Classic representa 80,34%, uma queda de quase 20% da média do ano. Mesmo o Hiperfundo, do Bradesco, que dá prêmios, está hoje com um patrimônio que equivale a 88,19% da média do ano.

Esse é outro ponto importante: esses fundos costumam oferecer algumas vantagens para o cliente, como o resgate automático ou, no caso do Hiperfundo, sorteios de carros. Há também a liquidez diária, que não existe na poupança, e que garante o rendimento em períodos mais curtos, de menos de 30 dias, ou períodos quebrados, de 45, 50 dias. Mas, diante de um rendimento tão baixo, essas vantagens precisam ser bem avaliadas para ver se não é melhor ganhar mais em outro fundo e jogar na loteria.

Mas a maioria das pessoas deixa o dinheiro nesses fundos por falta de atenção, desconhecimento, ou de iniciativa mesmo, a famosa preguiça. Hoje, os próprios bancos já oferecem fundos mais baratos para quem procura. Há também fundos de corretoras e papéis do Tesouro Direto ou mesmo papéis privados, mas é preciso verificar as condições de liquidez e onde esses fundos aplicam, já que eles não têm a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O Tesouro Direto, por exemplo, demora dois dias para liberar o dinheiro do resgate, o que exige do investidor um pouco mais de organização.

 

Fonte: Exame