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Bolsa brasileira tem o melhor desempenho entre as bolsas no mundo

Sábado, 01 Dezembro 2018

Quem investiu na bolsa brasileira este ano tem motivos para comemorar. Até agora, o Ibovespa acumula valorização de mais de 17% e está próximo dos 90 mil pontos. Com isso, tem o melhor desempenho entre os principais índices de ações do mundo. (confira a tabela abaixo).

Uma conjunção de fatores positivos explicam por que a B3 descolou do resto do mundo. Um deles é o início de retomada da economia brasileira. Em 2018, após dois anos consecutivos de retração, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1%. Para este ano, a expectativa média do mercado financeiro é que o PIB cresça 1,39%.

Outro fator que contribuiu para a alta da bolsa foi a redução da Selic. A taxa básica de juros iniciou o ano em 7% ao ano e deve terminar em 6,5%. A previsão é que suba um pouco em 2019, para cerca de 8%. Ainda assim, é uma taxa baixa.

A redução dos juros ajuda a melhorar a rentabilidade das empresas, porque diminui o custo de captação de recursos.

Para Glauco Legat, analista-chefe da corretora Spinelli, no período da crise, as empresas fizeram a “lição de casa” (com redução de custos e investimentos) e, com a melhora da economia, estão preparadas para crescer com eficiência. Os investidores projetaram esse cenário na Bolsa. “Os investidores colocaram no prêmio as expectativas futuras.”

Somado a isso, o mercado se animou com a possibilidade de um governo que se mostra comprometido com o ajuste fiscal. Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, prometeu que a reforma da Previdência sairia do papel, assim como as privatizações de algumas estatais.

Fim de um ciclo?
O desempenho da B3 refletiu majoritariamente o cenário interno brasileiro, mas também foi influenciado pelo cenário externo, que se mostra complicado.

As bolsas americanas, que são os principais drivers do mercado, têm um desempenho bem abaixo dos anos anteriores. O principal índice americano, S&P 500, por exemplo, acumula valorização de janeiro a novembro de 3%. No ano passado, o retorno foi de 18% e em 2016, foi de quase 20%.

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destaca que o desempenho da S&P 500 é modesto na comparação com outros anos. De 2013 a 2017, a bolsa americana subiu, em média, 17% ao ano. “Foram anos muito bons. Isso é muito forte para uma bolsa.”

O forte crescimento econômico americano nos últimos anos fez com que o Federal Reserve, banco central americano, voltasse a subir as taxas de juros no país, o que prejudica os mercados emergentes.

Com os múltiplos muito caros na bolsa, os investidores reduziram suas posições nos ativos americanos. Além disso, a guerra comercial dos Estados Unidos com a China, aumenta a insegurança do investidor.

Guerra comercial
A guerra comercial também tem pesado nas bolsas asiáticas. Na Bolsa de Xangai, SSE Composite já caiu 20% ano e o Nikkei 25, da bolsa japonesa, acumula desvalorização de 5% ano ano.

Em relação à China, além da guerra tarifária, o mercado se mostra preocupado com o alta endividamento do país e se o governo conseguirá atuar para evitar uma crise.

“O mercado questiona se as empresas terão saúde financeira se houver impacto no crédito, e isso afeta a perceptiva do valor das ações”, explica Silveira.

Brexit e Itália
Na Europa, as bolsas também estão em retorno negativo. O DAX (índice alemão) já caiu 13,77% no ano, o CAC 40 (bolsa de Paris) tem baixa de 7% e FTSE 100 (Londres), de 9,46%.

A preocupação dos investidores em relação à Europa é sobre o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Segundo projeções pelo Banco da Inglaterra, o banco central britânico, um Brexit sem acordo e sem um período de transição para negociar as futuras relações comerciais entre Reino Unido e União Europeia provocaria uma desvalorização de até 25% da libra esterlina e faria a inflação disparar 6,5%.

Outra preocupação é em torno do orçamento italiano, que terá que ser alterado para o próximo ano para não descumprir as regras fiscais da União Europeia.

Com todos os problemas enfrentados por Estados Unidos, Europa e Ásia, os especialistas são categóricos em dizer que o próximo ano não será fácil para o investidor.

 

Fonte: Exame