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Juro futuro recua; investidores projetam alta de taxas apenas em 2019

Terça, 23 Outubro 2018

Os investidores tiraram nas últimas semanas o prêmio de risco dos contratos de juros futuros de curtíssimo prazo e esperam a manutenção da taxa Selic nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do fim de outubro e de dezembro. Para a próxima decisão, a curva precifica alta de cerca de 5 pontos-base e para a última de 2018, 10 pontos, valores considerados "residuais" por especialistas.

Por trás de eventual mudança da Selic está o patamar do câmbio e os efeitos que isso pode gerar nas expectativas de inflação e nos próprios preços dos produtos. Com a incerteza eleitoral, o dólar chegou ao patamar de R$ 4,20 e o Banco Central sinalizou indiretamente que poderia agir a depender do preço da moeda americana após as eleições. Com probabilidade maior de vitória de Jair Bolsonaro (PSL), candidato com plataforma econômica mais liberal na visão dos investidores, o câmbio já voltou para patamar inferior à R$ 3,70 e ajudou a tirar o prêmio da curva a termo.

"Os vértices mais curtos, que chegaram a embutir altas seguidas até o final do ano, perderam força pelo cenário externo relativamente mais calmo e também com essa nova composição no Congresso dando mais força à Bolsonaro. Assim, o balanço de risco mostra-se um pouco mais equilibrado, até mesmo com a forte valorização recente do real", afirma um operador que preferiu não ser identificado.

As altas de juros que chegaram a ser precificadas para as duas últimas reuniões deste ano foram transferidas para 2019, conforme explica Rogério Braga, gestor de renda fixa e multimercados da Quantitas. Segundo ele, dependendo do contrato, a expectativa de elevação do juro básico é de 240 pontos-base ao longo do ano que vem.

De acordo com um gestor de um grande fundo multimercado, os investidores estão dando o benefício da dúvida para Bolsonaro e vão querer ver, de imediato, o time do seu governo. Se tiver uma equipe econômica coerente, as taxas devem cair no próximo ano, se a equipe não for tão boa, o mercado pedirá mais prêmio na curva de juros.

Hoje, o DI janeiro/2020 terminou o pregão regular a 7,44% (7,55% no ajuste anterior); o DI janeiro/2021 teve taxa de 8,35% (8,52% no ajuste anterior); e o DI janeiro/2025, 9,98% (10,16% no ajuste anterior).

 

Fonte: Valor Econômico