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Fundos multimercados macro têm virada em julho e superam o CDI pela 2ª vez no ano

Segunda, 12 Agosto 2024

Após meses de maior adversidade, gestores de multimercados macro conseguiram “surfar” os bons ventos do mês de julho e viram os retornos dos produtos avançarem 1,48%, na média, contra 0,91% do CDI, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O momento merece ser celebrado: rentabilidades como essa, acima da taxa de referência da classe, que é o CDI, só haviam sido vistas ao longo deste no mês de março.

Posições compradas (que se beneficiam da alta) em Bolsa local e em juros brasileiros responderam pelos maiores ganhos de multimercados macro da ARX e Quantitas. Já a Legacy Capital também obteve retornos expressivos com uma exposição vendida (que aposta na queda) em petróleo.

Enquanto isso, na Vinland Capital, alocações que ganham se as taxas de juros caírem na Europa e nos Estados Unidos daqui a um ano, juntamente com uma exposição a ações de empresas de menor valor de mercado (small caps) americanas, puxaram a rentabilidade do Vinland Macro Plus FIM, que bateu 2,73%, contra 0,91%.

“O mês de julho serviu para consolidar a noção de que política monetária funciona com o arrefecimento do processo de inflação, do mercado de trabalho e da atividade americana. É uma visão que tínhamos há um tempo e que se confirmou agora”, resumiu José Monforte, gestor da Vinland Capital.

Vinland: “Onde tem fumaça, tem fogo”

Ao mesmo tempo em que o mercado entendeu que o caminho para o corte de juros nos Estados Unidos parece mais bem pavimentado agora, a turbulência vista em ativos de risco ao redor do globo nos últimos dias despertou “sinal de alerta” na Vinland e levou a alterações no portfólio.

“Um VIX [conhecido como termômetro do medo dos investidores] nesse nível diz que a Bolsa está caindo e que pode cair mais. Onde tem fumaça, tem fogo. Fico mais cauteloso. Não temos mais posição em small caps e reduzimos a posição aplicada [que aposta na queda] em juros americano”, detalhou o gestor da Vinland.

No momento das movimentações na carteira, Monforte explica que a precificação colocada por agentes financeiros de um corte de quase 1,50 ponto por parte do Federal Reserve (Fed, banco central americano) neste ano seria o mesmo que reconhecer que há uma crise aguda no curto prazo nos Estados Unidos, o que não é o cenário-base de Monforte neste momento. Atualmente,

“Temos um desemprego condizente com o equilíbrio do mercado de trabalho. Saímos de dados apertados para uma pequena folga. A inflação também está vindo de volta para a meta e não há números de deflação. O Fed reage a dados de curto prazo. Acho que vai dar 0,25 por reunião para acumular mais evidência até o começo do ano que vem”, avaliou o executivo.

ARX: posicionada para desaceleração nos EUA

A ARX também aproveitou a virada do mês para adicionar posições pequenas tomadas em juros fora e reduzir a alocação nas estratégias local e internacional após aumento expressivo da volatilidade nos mercados, explicou a gestora em carta. Por outro lado, a casa optou por manter a posição vendida (que se beneficia do recuo) em Bolsa no exterior, como proteção para uma eventual desaceleração mais aguda da economia americana. Em julho, o ARX Macro FIM avançou 5,04%, bem acima dos 0,91% do CDI.

Quantitas não vê risco acima do normal

Já gestoras como a Quantitas preferiram não fazer alterações no portfólio do fundo na passagem de julho para agosto. No mês passado, o Quantitas FIM Mallorca avançou 2,51% em julho, bem acima dos 0,91% do CDI. Posições em Bolsa local, além de alocações aplicadas em juros reais no Brasil e nos Estados Unidos foram os grandes destaques do produto.

Para Rogério Braga, sócio e gestor dos fundos multimercados da Quantitas, não há um nível de risco acima do normal no cenário atual que justifique alterações no portfólio do fundo. “Não temos um cenário de Goldocks [cachinhos dourados, que envolve uma queda no risco da carteira], mas também não vejo uma volatilidade acima da média do mercado nos próximos meses. Se estivéssemos numa crise recessiva americana, o que não acho que é o caso, a visão seria diferente”, pondera.

 

 

FONTE: INFOMONEY