O cenário esteve nebuloso por muito tempo para os analistas que esperavam pelos resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23) de empresas internacionais, especialmente dos EUA, causado pela posição cautelosa tomada por empresas do exterior.

É o que conta o relatório da XP Investimentos, assinado por Paulo Gitz e Maria Irene Jordao. De forma geral, os analistas reduziram suas expectativas conforme as empresas se mantinham cuidadosas.

De acordo com a XP, “as mensagens das empresas foram de cautela com o ambiente macroeconômico, citando desaceleração da economia, persistência da inflação e taxas de juros mais altas como grandes preocupações para 2024″.

“A exceção foram as empresas que fornecem serviços e infraestrutura para modelos de Inteligência Artificial (IA), as quais citaram demanda robusta e crescente”, finaliza.

De acordo com a XP, 56% das empresas do S&P 500 reportaram lucros acima do esperado. Cortes de custos e otimização de processos impulsionaram os lucros de empresas, com 76% delas mostrando números acima da expectativa dos analistas.

Os setores de comunicações, consumo discricionário e tecnologia foram os maiores responsáveis pelo aumento dos lucros. Também são esses os que englobam as maiores empresas de tecnologia americanas.

Enquanto isso, os setores financeiro, de saúde e energia e materiais básicos trouxeram as notícias negativas para o S&P 500. Respectivamente, as despesas não recorrentes junto ao FDIC, queda no lucro da Pfizer (PFIZ34) e Merck (MRCK34) em mais de 90% e o preço baixo do petróleo, influenciaram os dados, de acordo com a XP.

Confira os destaques dos setores americanos

• Tecnologia

O destaque vai para companhias que atuam na fabricação de chips e semicondutores, como Nvidia (NVDC34), AMD (A1MD34) e Intel (ITLC34), pois fornecem ajuda a empresas que precisam de computadores potentes para desenvolver Inteligência Artificial.

Outro evento notável foi a substituição da Apple (AAPL34) pela Microsoft (MSFT34) como companhia com maior capitalização de mercado do mundo. A Apple falhou em mostrar novas formas de crescimento, enquanto a Microsoft começa a investir cada vez mais em IA.

• Saúde

A farmacêutica Lilly (LILY34), criadora do Mounjaro, medicamento para o tratamento de diabetes e obesidade, nada contra a maré de azar que suas concorrentes, Merck, Pfizer e Johnson&Johnson (JNJB34), enfrentam após a desaceleração de vendas relacionadas à Covid-19.

• Financeiro

A cobrança não recorrente do FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), órgão americano que garante os depósitos de bancos americanos, impactou os lucros de nomes como JPMorgan Chase, Goldamn Sachs, Bank of America (BOAC34) e Citigroup (CTGP34).

“Diversos dirigentes de bancos ainda pedem cautela do mercado em relação a 2024, mas ainda afirmam que a deterioração do crédito segue em linha com o previsto”, afirma o relatório.

Além disso, PayPal (PYPL34), Mastercard (MSCD34), American Express e Visa (VISA34) mostraram uma tendência de desaceleração no ritmo de crescimento do consumo americano entre o fim do ano passado e o início de 2024.

• Consumo discricionário

O setor, que apresentou 76% de surpresas positivas nos lucros das companhias, abrange a fabricação de produtos automotivos, bens domésticos duráveis, artigos têxteis e de vestuário.

Para as montadoras, Ford (FDMO34) e General Motors projetam demandas para o setor de veículos elétricos. Enquanto isso, o principal nome desse mercado, a Tesla (TSLA34), “enfrenta dificuldades na precificação de seus veículos e com descasamentos em sua cadeia produtiva com o aumento de tensões geopolíticas globais”, de acordo com a XP.

• Comunicação

As companhias do setor reportaram 70% e 65% de surpresas positivas nas receitas e lucros, respectivamente.

O destaque fica para a Meta Platforms, do bilionário Mark Zuckerberg, que observou aumento no número de usuários e resultados positivos após a redução de investimentos no universo de metaverso. Enquanto isso, a Alphabet, empresa do Google, decepcionou com produtos de inteligência artificial pouco competitivos.

Companhias europeias e da Grande China também estão no radar

Para a Grande China, os resultados da Alibaba, especializada em e-commerce e tecnologia, da varejista JD.com (JDCO34) e da taiwanesa fabricante de chips TSMC (TSMC34) foram os destaques.

Enquanto isso, na Europa, a Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, apresentou outro forte trimestre, com Unilever (ULEV34), UBS, Maersk, Vodafone, Sanofi e AB Inbev (ABUD34) também sendo nomes em destaque.

FONTE: MONEYTIMES