Os anúncios de investimentos das montadoras no Brasil, que já somam R$ 117 bilhões até 2030, surpreenderam positivamente o governo. A afirmação é de Uallace Moreira Lima, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), em entrevista à EXAME. “Esperávamos investimentos altos, mas não tão acelerados que chegassem a mais de R$ 100 bilhões em tão pouco tempo. Foi uma surpresa muito agradável”, diz.
Segundo ele, a atração de recursos para o país é fruto de uma série de políticas públicas lançadas desde o início da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva que garantem previsibilidade para os agentes econômicos. A meta, disse o secretário, é aumentar o investimento dos atuais 16% do Produto Interno Bruto (PIB) para até 21%.
“Temos sido surpreendidos, de forma positiva, com anúncios imediatos. A política industrial articulada com o PAC e com a transformação ecológica estimula o investimento, que caiu no último ano. Mas tem um fator fora do nosso domínio, que é a taxa de juros. Na minha avaliação, o BC errou em não ter reduzido mais a taxa de juros", afirma". "Mas com redação de juros neste ano o investimento deve crescer. A taxa está entre 16% e 17% e nós esperamos aumentar para algo entre 20% e 21%. Isso também depende de um cenário internacional favorável, mas temos clareza que estamos criando um ambiente para a atração de investimentos que já estão acontecendo.”
Lima afirma que Lula e o vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, determinaram ainda em 2023 que é preciso criar um ambiente de negócios no país favorável à atração de investimentos. Entre as medidas tomadas nesse sentido, ele citou a aprovação da reforma tributária, o relançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que também passa a contemplar a transformação digital, além do novo arcabouço fiscal e de medidas setoriais.
Políticas públicas em curso
No Padis, o governo oferecerá R$ 1 bilhão de incentivos fiscais às indústrias de componentes eletrônicos, semicondutores e fotovoltaica.
Com o Reiq, a empresa do setor químico reduz a diferença de custos com as companhias estrangeiras. O desconto será aplicado na compra dos principais produtos usados para baratear a fabricação de fertilizantes, plásticos, fibras, borrachas, tintas e outros insumos. O incentivo fiscal foi da ordem de R$ 500 milhões no ano passado e de R$ 1 bilhão em 2024.
No fim do ano passado, o governo enviou ao Congresso o projeto de lei criando a depreciação superacelerada, que reduz de 25 para dois ano o período para a dedução de impostos - 50% no primeiro ano, 50% no segundo.
No Brasil Mais Produtivo, programa do voltado micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) do setor industrial, o governo vai financiar R$ 2 bilhões na transformação digital e no desenvolvimento de novas tecnologias digitais. A meta é atender 93 mil MPMEs até 2026.