A queda nas emissões nas letras de crédito e nos certificados de recebíveis foi drástica comparada à crescente que esses dois tipos de títulos estavam vindo, antes da nova regra ser instaurada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A nova regra, instaurada no primeiro dia de fevereiro, altera o lastro exigível para os títulos incentivados e aperta o cerco ao que o governo considera um desvio do objetivo inicial desses instrumentos financeiros – o de incentivar a captação de recursos para o agronegócio e o setor imobiliário.
Na prática, as novas diretrizes barram diversas empresas relacionadas aos setores do agronegócio e imobiliário que ofertavam os títulos no mercado primário e aumentam os prazos mínimos de vencimento, que eram um dos grandes atrativos destas modalidades.
De acordo com relatório produzido pela equipe de renda fixa da XP, não houve uma alteração significativa na demanda dos títulos. No entanto, a consequência direta da menor oferta é a redução da remuneração de tais produtos bancários, de modo a equilibrar o mercado.
“Ressaltamos que tal movimento foi mais nítido nos grandes bancos, que se utilizavam mais das operações de curtíssimo prazo (90 dias), sendo possível encontrar no mercado LCIs e LCAs de 90% do CDI (ou mais), como praticado antes das novas regras do CMN”, explicam Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, no documento.
As analistas destacam ainda que o produto que acabou se beneficiando desta mudança foram as debêntures no âmbito de captação de recursos, principalmente em substituição aos CRAs e CRIs.
Em relação ao crédito privado, os números levantados pelo time da XP aponta para uma queda abrupta dos prêmios de risco (spreads) de produtos isentos no mercado secundário. Por outro lado, há uma valorização dos papéis na marcação a mercado dos títulos (dada a relação inversamente proporcional entre preço e taxa), abrindo uma janela se o investidor optar por se desfazer do investimento antes da data de vencimento.
Neste cenário, as analistas entendem que a alocação em títulos IPCA+, sejam eles públicos ou privados, de prazos médios a longos, faz sentido neste momento.
“Em nossa visão, são os títulos que protegerão os investidores de pressões inflacionárias que possam vir a aparecer ao longo dos próximos anos, principalmente se mantidos até o vencimento. Ademais, apesar da tendência de queda atual, o patamar de juro real atual oferecido ainda é elevado, representando boa oportunidade de retorno às carteiras”, explicam no documento.
FONTE: MONEYTIMES