Notícias

Bovespa ganhou mais de 110 mil novos investidores em 2018

Quinta, 04 Outubro 2018

O número de investidores individuais na bolsa brasileira, a B3, voltou a superar em 2018 patamar que não era registrado desde 2010 e vem renovando recordes nos últimos meses. No ano, o número de brasileiros que entraram ou retornaram ao mercado de ações já passa de 110 mil. Em agosto, o número de investidores pessoas físicas ativos chegou a 730 mil, novo recorde, com um crescimento de 18% na comparação com o final do ano passado.

O maior interesse por ações fez também o número de investidores da bolsa voltar a superar o de investidores ativos no Tesouro Direto, que em agosto reunia 664.603 brasileiros.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 2,04%. No acumulado no ano, a bolsa tem ganhos de quase de 9%, após ter registrado alta de 26,8% no ano passado.

O crescimento do número de investidores pessoas físicas ocorre em meio à redução da taxa básica de juros para mínimas históricas, o que reduziu a rentabilidade de fundos de renda fixa e de outras aplicações financeiras, e uma maior concorrência entre bancos e corretoras independentes, o que também têm contribuído para ampliar o universo de brasileiros no mercado de ações e a facilitar as plataformas e ferramentas de acesso.

"O brasileiro ainda é muito conservador, mas neste ano temos notado uma busca maior pela bolsa. Muitos simplesmente querem entender o que é, fazer um teste. Mas existe um movimento de educação financeira e o investidor está aceitando colocar uma pequena parte do seu patrimônio na bolsa com a expectativa de retornos maiores que na renda fixa", afirma Lucas Claro, assessor de investimentos da Ativa Investimentos.

Perfil do investidor
Segundo os números da B3, os mais de 730 mil investidores ativos reuniam no final de agosto R$ 179 bilhões em ações. A maioria é homem, da região Sudeste, com idade entre 26 e 45 anos.

Do total de investidores ativos, 77,5% são do sexo masculino e 69% residem dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Na distribuição por faixa etária, mais da metade (52%) tem no máximo 45 anos. Por outro lado, os investidores com mais de 46 anos concentram mais de 80% do valor investido por pessoas físicas.

Os investidores pessoas físicas respondem atualmente por cerca de 18% do volume negociado na bolsa. Os investidores estrangeiros correspondem a uma fatia de 50%, e os institucionais, 27%.

Perspectivas
A despeito de toda a incerteza em torno da corrida eleitoral e sobre o próximo governo, a bolsa continua registrando ganhos no acumulado no ano e atraindo novos investidores.

A avaliação do mercado é que as perspectivas para o mercado de ações permanecem boas diante da previsão de taxa básica de juros ainda em níveis historicamente mais baixos (para o final de 2019 a previsão do mercado é de Selic a 8%) e de recuperação gradual da economia brasileira.

"Quando se olha hoje o Ibovespa acima dos 80 mil pontos num cenário pré-eleitoral polarizado e histérico é uma comprovação que a bolsa tem muito para andar e entregar ainda", afirma Adeodato Volpi Netto, especialista em Mercado de Capitais da Eleven Financial.

O interesse pela bolsa brasileira tem sido sustentado também pelos investidores estrangeiros, que respondem por cerca de metade do volume financeiro movimentado na B3. Em setembro, as entradas de capital externo (compras de ações) superaram as saídas (vendas de ações) em R$ 3,28 bilhões. Em 2017, a injeção líquida de recursos por investidores estrangeiros foi de R$ 14,6 bilhões, e na parcial de 2018 o saldo permanece positivo em R$ 294 milhões.

Para Netto, até mesmo a perspectiva de elevação de juros nos Estados Unidos e nas economias mais desenvolvidas não deve ter grandes impactos na atratividade do mercado brasileiro.

"Não vejo nenhuma chance de fuga estrutural de capital estrangeiro. "Somos o melhor destino solvente do mundo, com mercado regulado e instituições de respeito. O investidor internacional não vê risco de colocar dinheiro no Brasil", diz.

3 IPOs no ano
Já o número de empresas listadas na bolsa permanece estagnado. No final de agosto, a B3 reunia 404 empresas listadas contra 403 1 ano atrás. Em 2010 eram 470.

No ano, até o momento, 3 empresas abriram o capital na B3: Notre Dame Intermédica, Hapvida e Banco Inter. No ano passado, foram 9 IPOs, o maior número desde 2013, quando 10 companhias realizaram oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

Maiores altas e maiores quedas no ano
A carteira teórica do Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, é formada atualmente por 65 ativos de 62 empresas.

Veja abaixo as ações do Ibovespa que mais subiram e as que mais caíram no ano, no acumulado até setembro, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica:

Maiores altas (jan-set):

  • Suzano ON; 158,49%
  • Fibria ON: 58,89%
  • Vale ON: 54,60%
  • Magazine Luiza ON: 53,13%
  • Petrobras ON: 43,86%
  • Braskem PNA: 42,19%
  • Gerdau PN: 41%
  • Gerdau Met PN: 39,79%
  • B2W Digital ON: 35,12%
  • Bradespar PN: 33,79%

Maiores quedas (jan-set):

  • Ultrapar ON: -48,96
  • CCR SA ON: -46,75
  • Qualicorp ON: -44,90%
  • Cielo ON: -44,31%
  • BRF ON: -39,97%
  • Ecorodovias ON: -39,52%
  • Via Varejo UNT: -38,96%
  • Kroton ON: -36,32%
  • Smiles ON: -36,22%
  • Sabesp ON: -29,24%


Fora do Ibovespa, as ações que mais subiram no acumulado no ano até setembro foram das empresas Inepar (180%), Encorpar (167%), Unipar (167%), Suzano 158% e SLC Agrícola (140%).

Na outra ponta, os destaques de queda foram Viver (-89%), PDG REalt (-80%), Liq (-75%), BR Brokers (-65%) e J B Duarte (-61%).

 

Fonte: G1