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Ata do Copom reforça preocupação do BC sobre dinâmica fiscal do próximo governo

Terça, 13 Dezembro 2022

ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgada nesta terça-feira, 13, voltou a ressaltar a "elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais". As preocupações fazem referência, ainda que indiretamente, à PEC da Transição, que propõe o aumento de gastos sem contrapartidas, e a esperada substituição do teto de gastos por uma nova âncora fiscal. 

A dinâmica da política fiscal, segundo a ata do Copom, "pode afetar a inflação não só por meio dos efeitos diretos na demanda agregada, como também via preços de ativos, grau de incerteza na economia, expectativas de inflação e taxa de juros neutra".

O Banco Central também afirmou que os efeitos da política monetária devem perder força em caso de "reversão de reformas estruturais que levem a uma alocação menos eficiente de recursos". As declarações contidas na ata, vale destacar, foram feitas diante de sinalizações de que o novo governo poderia rever reformas feitas nos últimos anos, como a previdenciária e trabalhista.

A ata ainda pontuou que, sem a "existência de capacidade ociosa na economia e confiança sobre a sustentabilidade da dívida", as políticas expansionistas podem não ter o efeito desejado sobre a atividade econômica. "Em ambiente de hiato do produto reduzido, o impacto de estímulos fiscais significativos sobre a trajetória de inflação tende a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade econômica."

Reino Unido no retrovisor

O Copom também alertou sobre os efeitos de possíveis aventuras fiscais, traçando um paralelo com o ambiente internacional. Segundo a ata, há "uma maior sensibilidade dos ativos financeiros aos fundamentos fiscais, inclusive em países avançados". O ambiente, portanto, "requer maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes", disse a ata.

 

A referência, ainda que indiretamente, remonta ao episódio do Reino Unido, em que a libra esterlina bateu mínima histórica frente ao dólar após o anúncio de medidas expansionistas pelo então novo governo da primeira ministra Liz Truss.

 
Momento é de "serenidade"

Segundo o Copom, "há ainda muita incerteza sobre o cenário fiscal" e o momento "requer serenidade na avaliação de riscos". Na reunião da última semana, o Copom manteve a taxa Selic estável pela quarta decisão consecutiva. 

"O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva", afirmou.

Inflação ainda desafiadora

Do lado da inflação, o Copom classificou o cenário como ainda "desafiador". O comitê disse esperar que a recente queda de commodities reduza as pressões globais sobre bens, mas a inflação de serviços "deve demorar a se dissipar"

 

FONTE: EXAME 

LINK: https://exame.com/invest/mercados/ata-do-copom-reforca-preocupacao-do-bc-sobre-dinamica-fiscal-do-proximo-governo/