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Grupo Avenida é vendido para gigante sul-africana Pepkor após não conseguir fazer IPO

Quinta, 03 Fevereiro 2022

Uma das maiores empresas de varejo do Brasil com atuação nas regiões Centro-Oeste e Norte do País, Grupo Avenida acaba de ter seu controle vendido para a gigante do varejo vestuário da África do Sul Pepkor. A empresa sul-africana desembolsou US$ 208 milhões em dinheiro pela compra de 87% das ações totais da empresa . Essa cifra também inclui uma injeção de capital.

A venda envolveu a totalidade das ações detidas pelo fundo Kinea, sócio da empresa desde 2012, e uma parte da participação da família Caseli, fundadora da companhia. Nessa nova configuração, a família Caseli ficou com 13% das ações totais da empresa. Rodrigo Caseli, filho do fundador, disse ao Estadão que continua como presidente da companhia e o seu irmão, Christian Caseli, permanece no Conselho da empresa, ambos pelos próximos sete anos. A irmã Giovana Caseli segue como acionista.

O Grupo Avenida tem duas redes de lojas - sendo 110 unidades da Lojas Avenida e 20 da Giovanna Calçados, com presença em 11 Estados. A varejista foi fundada em 1978 por Aílton Caseli em Cuiabá.

"Temos um enorme potencial para expandir rapidamente os negócios no Brasil, aumentando o número de lojas e a receita da empresa, além de uma grande sinergia de culturas e valores do Grupo Avenida com a Pepkor", disse o presidente da empresa, Rodrigo Caseli.

O executivo lembra que o plano da empresa, na época em que pretendia fazer o IPO, era abrir mais 170 lojas. "O que eles (Pepkor) pensam é numa expansão muito forte no Brasil, mas ainda não temos o plano", disse Rodrigo Caseli, fazendo referência ao porte nova sócia. A intenção, segundo executivo, é expandir nos Estados das regiões Norte e Centro-Oeste, onde a companhia está, abrindo lojas em cidades menores, que não contam com oferta de itens de vestuário de boa qualidade.

Caseli disse que a Pepkor tem escritório em Xangai, na China, com 250 funcionários, e 90% dos itens que vende são importados. "Hoje, no Grupo Avenida, só 8% da nossa compra é de artigos importados da Ásia", contou. O cliente das lojas do Grupo Avenida é o brasileiro das classes C e D, de menor renda.

A Pepkor é um gigante na África do Sul, com mais de 5,5 mil lojas em dez países e valor de mercado de US$ 5,3 bilhões e tem trabalhado ao longo dos últimos anos em sua expansão internacional. Em 1998, a empresa comprou uma rede na Polônia com 14 lojas e hoje tem 3.500 pontos de venda espalhados pela Europa, contou Caseli.

O Grupo Avenida registrou uma receita líquida de R$ 980 milhões em 2021. A empresa, apesar não ter capital aberto, teve de abrir seus principais números ao mercado por conta da tentativa de engatar a estreia na Bolsa. O grupo Avenida conseguiu crescer na última década após a capitalização da Kinea, que levou cerca de 20% da empresa por R$ 250 milhões à época.

Para a Pepkor, o acordo marca a entrada em um dos principais mercados do mundo, apesar do ritmo lento de retomada da economia brasileira. "Entramos em uma nova praça com enorme potencial de crescimento. A Pepkor provou ser bem-sucedida na expansão internacional de seus negócios no passado. Todos estão ansiosos para atuar no mercado de varejo brasileiro em parceria com a equipe de gerenciamento do Avenida", disse o presidente da Pepkor, Leon Lourens, em nota.

Desafios

O especialista no setor de varejo e sócio da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, analisa com cautela o negócio, visto que muitos grupos internacionais que já tentaram ingressar no mercado brasileiro para criar um negócio massificado e escalável no varejo de moda no País recuaram. "O mercado de moda de massa no Brasil é muito competitivo e complexo. O Brasil tem uma realidade sazonal totalmente atípica", diz. Ele aponta que há muita dificuldade de grupos estrangeiros em acertarem o timing das coleções e de encontrarem sinergias com os negócios que possuem em outros países.

De outro lado, Serrentino diz que, a depender da governança estabelecida com o novo controlador, há espaço para o Grupo Avenida crescer, visto que ainda não atua em todas as regiões e há um espaço deixado outros outras empresas que não resistiram à crise. "Se eles estão capitalizando a Avenida, para crescer com uma estratégia brasileira, de um negócio brasileiro, aí a Avenida pode ganhar fôlego. Em tese espaço existe", afirma.

 

FONTE: TERRA