O Grupo Mafini, com atuação no setor imobiliário e no agronegócio, convocou a assembleia geral de credores para os próximos dias 20 de outubro (1ª convocação) e 27 de outubro (2ª convocação). A organização move um processo de recuperação judicial e alega ter dívidas de R$ 196,3 milhões.
Em despacho publicado nesta terça-feira (5), a 4ª Vara Cível de Sinop (500 KM de Cuiabá) informou que os credores poderão se cadastrar na plataforma Zoom Meetings na manhã do dia 19 de outubro. O ato pode definir o futuro do Grupo Mafini, uma vez que a assembleia geral de credores pode determinar a falência da organização caso não haja aceitação do plano de recuperação judicial.
Até o fim dos anos 1990, o grupo Mafini concentrava sua atuação no ramo do agronegócio, com a fundação da Agromil (Agrícola Mafini Ltda), porém, no ano 2000, o fundador da organização, Aquiles Mafini, adquiriu uma área em Lucas do Rio Verde, de 200 hectares, que acabou transformando-se num loteamento (Residencial Mafini), em 2006, com a vinda de um frigorífico para a cidade. A propriedade foi dividida em 800 terrenos, com expectativa de faturamento de R$ 24 milhões.
O início da derrocada, no entanto, começou justamente onde a empresa tinha expertise – o agronegócio. Em 2014, o grupo havia recebido uma sinalização do Banco da Amazônia de um investimento de R$ 20 milhões para a construção de um armazém com capacidade de 36 mil toneladas de grãos.
“Houve uma promessa de liberação de R$ 20.000.000,00 para construção de um armazém com capacidade para 36 mil toneladas de grãos [...] A promessa é que o recurso seria liberado rapidamente, com isso o grupo iniciou o projeto da obra utilizando recursos próprios, paralelo ao andamento do financiamento na expectativa de que o processo seria ágil”, diz trecho do processo de recuperação judicial.
O investimento, porém, ocorreu só dois anos depois, e em valor abaixo do que havia sido pré-combinado (R$ 13 milhões). Para piorar o cenário, os recursos investidos foram da ordem de R$ 22 milhões. À partir daí o grupo começou a sofrer uma série de reveses – inclusive no setor imobiliário. Em 2015 o grupo Mafini foi contratado para construir uma galeria comercial em Lucas do Rio Verde e reclama que foi vítima de um “golpe”.
“No ano de 2015, o grupo obteve uma proposta para construção de uma galeria comercial pela empresa Conexões Empreendimentos Ltda., a qual teria aplicado um golpe, indicando que ela vendia os espaços das lojas da galeria e não repassava o percentual cabível ao grupo, além de vender o mesmo espaço para mais de um cliente, causando prejuízo estimado em R$ 3.000.000,00”, relata a empresa no processo.
O grupo Mafini, então, passou a tocar o projeto da galeria comercial sozinho, transformando o projeto inicial no “Primeiro Shopping Center” de Lucas do Rio Verde. A inauguração estava prevista para 2020, no entanto, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) frustrou os negócios uma vez que a organização esperava faturar R$ 350 mil mensais com aluguéis do estabelecimento comercial.
Nesse meio tempo, em 2015, duas “invasões” de áreas que pertencem ao grupo também fizeram com que a organização tivesse prejuízos milionários. Para reaver a área do Residencial Mafini, segundo a organização, foram gastos R$ 2,5 milhões na Justiça. Além disso, a fazenda Agromil I, localizada em Nova Ubiratã, de 2.432 hectares, também foi invadida, causando prejuízos com demandas judiciais da ordem de R$ 5 milhões.
Por fim, a organização, que já chegou a plantar 4.200 hectares de soja e 3.580 hectares de milho em suas terras, reclama da quebra da safra 2019/2020.
“Nesse período houve uma quebra de safra e o grupo teve um déficit de 150 mil sacas de soja, gerando um prejuízo na ordem de R$ 22.000.000,00. As chuvas atrasaram também, a janela de plantio do milho safrinha, pois a estimativa de colheita seria de 420.000 sacas e foram colhidas apenas 180.000 sacas, equivalente a perda de R$ 12.000.000,00, perdendo o prazo de preparação do solo para plantio e com dificuldade de compra de insumos devido à quebra na safra de soja”, revela outro trecho do processo de recuperação.
No ano passado o Grupo Mafini foi alvo até mesmo de mandados de busca e apreensão de 6 caminhões adquiridos por meio de um financiamento que não conseguiu honrar, ficando com um prejuízo de R$ 2,76 milhões. A organização estruturou um setor de transportes de grãos apenas para atender sua própria demanda.
FONTE: FOLHAMAX