Notícias

Família de produtores deve R$ 24 milhões para 2 bancos; veja lista de credores

Quarta, 29 Setembro 2021

Prestes a completar um ano desde o processamento da recuperação judicial de uma família de produtores rurais que declarou dívidas de R$ 58,8 milhões, a lista de credores foi divulgada no processo que tramita na 4ª Vara Cível de Rondonópolis, sob o juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento. Na lista de credores estão dívidas com funcionários, fornecedores e instituições bancárias relativas a empréstimos.

A recuperação beneficia os produtores Ronivaldo Souza Camargo, Darciano de Souza Camargo, Darci Camargo e Rosa Camargo que relataram dificuldades financeiras severas agravadas com a pandemia da Covid-19.

No total, são 80 credores classificados como trabalhistas, quirografário e garantia real. Os valores devidos para cada um deles varia de R$ 1 mil, no caso de funcionários, até cifras que chegam a R$ 15,9 milhões para um único credor, como é o caso da Eco Agro – Securitizadora e também do Banco do Brasil que tem receber dos produtores a quantia de R$ 8,8 milhões. Juntas, essas duas instituições financeiras têm a receber R$ 24,7 milhões. Da lista, são 15 credores com valores acima de R$ 1 milhão a receber dos produtores em recuperação. 

Em maio deste ano, o juiz Renan Leão acolheu um pedido dos produtores e impediu um leilão de três fazendas situadas nos municípios de Barra do Garças (509 km de Cuiabá). A administração judicial manifestou-se pelo acolhimento do pedido formulado, salientando que restou demonstrada a essencialidade dos bens indicados pelos recuperandos.

Com base na manifestação do administrador acerca da essencialidade dos bens imóveis que seriam leiloados, o magistrado afirmou ser imperioso o acolhimento do pedido em homenagem aos princípios da preservação da empresa e do interesse público. “Em face do exposto e em consonância com o parecer da Administração Judicial, defiro o pedido formulado, determinando a suspensão de todo e qualquer efeito do leilão dos imóveis indicados pelos recuperandos, que deverão permanecer na posse dos mesmos, por serem essenciais ao desenvolvimento da sua atividade empresarial”.

CRISE

No pedido de recuperação, a família relatou que é produtora de soja, milho e demais culturas há mais de 30 anos. Ao longo dessas três décadas conquistaram crédito e reputação junto às organizações especializadas de crédito, bem como com seus próprios fornecedores, pois sempre cumpriram com suas obrigações, apesar dos recorrentes problemas sofridos pela economia brasileira. Para se reestruturar nos últimos anos passaram a investir mais no negócio familiar para melhorar o desempenho das plantações e colheita. Para os investimentos, a família buscou créditos e empréstimos bancários chegando a ter 50 funcionários nos períodos de plantio e colheita.

Porém, em contramão à expectativa de crescimento, o grupo já não vinha conseguindo cumprir suas obrigações nas datas firmadas, o que se agravou com a pandemia da Covid-19, reconhecida em 11 de março deste ano pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o estado de calamidade pública decretado.

Conforme os produtores, isso afetou diretamente a receita da produção agrícola prejudicando seus ativos, sendo que os passivos da empresa se estendiam ainda mais, tornando praticamente impossível a quitação dos débitos.

Tal quadro, segundo o grupo, refletiu diretamente na quebra da expectativa de retorno aos investimentos, não alcançando o ponto de equilíbrio planejado, ocasionando a perda de alguns clientes tradicionais, que por dificuldades financeiras próprias reduziram fortemente o volume de pedidos.

Reclamou ainda que o aumento na cotação do dólar reduziu a capacidade de pagamento da dívida e dos juros dos financiamentos dobrando o valor das dívidas e tornando a situação insustentável.

 

FONTE: FOLHAMAX