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Juros dos EUA e eleição geram cautela com cenário de 2022, diz BV

Quinta, 20 Maio 2021

Apesar do cenário de retomada econômica neste ano e otimismo puxado pelo crescimento externo, o ano que vem deve trazer um ambiente de instabilidade na economia impulsionado pela eleição e pela possibilidade de alta dos juros americanos, avalia o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani.

Mesmo que o banco central americano, o Federal Reserve, sinalize pouca preocupação no momento com uma reação rápida à inflação alta, o tema pode entrar no radar em 2022, diz Padovani. "A discussão no mercado é em que momento vai subir a taxa", afirma. "Talvez não seja o caso agora trabalhar com cenário de mudança de política monetária nos EUA, mas certamente em maio de 2022 esse tema vai estar muito mais presente", aposta o economista.

Ele lembra que a alta dos juros americanos podem ter impacto significativo em mercados emergentes. O fator contribui para diminuir o apetite por mercados com maior risco, o que pode impactar os investimentos no Brasil.

A ata da reunião do Fed de abril publicada nesta quarta-feira, 19, mostrou um reforço do discurso de que os impactos da inflação recente nos Estados Unidos devem ser transitórios, apesar de alguns diretores se mostrarem inclinados a discussões sobre mudanças nas compras de ativos. As autoridades do banco prometeram manter a política monetária ultrafrouxa no momento.

 
Economia na agenda eleitoral

O segundo fator de instabilidade para o ano que vem é a eleição presidencial, principalmente por conta da discussão da agenda econômica, que deve aparecer com intensidade nas campanhas para Padovani.

"A gente vê 2022 como um cenário de muitos desafios, o que deve pressionar a taxa de juros, expectativas de inflação e isso traz repercussões já para este ano", afirma.

O economista aposta em três pontos principais que devem integrar os debates eleitorais: a regra fiscal do teto de gastos, o redesenho de programas sociais, que pode elevar gastos públicos, e programas de privatização e concessão de estatais. "Esses três temas vão estar presentes no debate político-eleitoral e isso vai trazer intranquilidade para os mercados", afirma.

O cenário já acirrado entre pré-candidatos ainda pode potencializar a inquietação pela pouca previsibilidade de quem vencerá. O economista compara a situação ao pleito presidencial de 2014, que terminou com o resultado mais apertado desde a redemocratização.

Na pesquisa EXAME/Ideia sobre o cenário eleitoral publicada em 23 de abril, o ex-presidente Lula apareceu empatado tecnicamente com o presidente Jair Bolsonaro tanto no primeiro quanto no segundo turno, com vantagem numérica dentro da margem de erro.

 

FONTE: EXAME.