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Após tombo em maio, setor de serviços cresce 6,6% em junho, diz IBGE

Terça, 14 Agosto 2018

O volume de serviços prestados no Brasil avançou 6,6% em junho, na comparação com maio, segundo pesquisa de desempenho do setor divulgada nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta vem após uma queda de 5% em maio (em números revisados) – a maior já registrada pela pesquisa –, fortemente influenciada pela greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias no final de maio.

Segundo o IBGE, trata-se do maior resultado da série histórica, iniciada em janeiro de 2011.

Apesar de ter conseguido mais do que se recuperar das perdas de maio, o setor encerrou o 2º trimestre com uma queda de 0,3% na comparação com o 1º trimestre do ano - a segunda queda consecutiva. Na comparação com o mesmo trimestre de 2017, também houve queda de 0,3% - a 14ª queda nesta base de comparação.

O setor de serviços tem forte peso na economia brasileira, representando cerca de 70% da composição do Produto Interno Bruto (PIB).

Queda no semestre e no acumulado em 12 meses
Em relação à junho de 2017, o volume de serviços avançou 0,9%. Com isso, houve redução no ritmo de queda do acumulado do ano, que passou de -1,3% em maio para -0,9% no 1º semestre.

Já o acumulado em 12 meses ficou em -1,2%, superando o resultado anterior à greve dos caminhoneiros, já que em abril o indicador havia sido de -1,4% e o de maio, -1,6%. Apesar do resultado negativo, o IBGE aponta que há sinais de recuperação.

Expectativas de analistas ouvidos em pesquisa Reuters eram de que o setor teria expansão de 3,2 em junho na comparação mensal, mas retração de 0,3% sobre um ano antes.

“Com esse resultado de junho, o setor retoma sua trajetória ascendente que havia sido interrompida em maio”, destacou o gerente da Pesquisa Mensal de Serviços, Rodrigo Lobo.
O setor, entretanto, encerrou junho operando num patamar semelhante a fevereiro do ano passado, ficando 10,5% abaixo do maior pico do setor, alcançado em janeiro de 2014.

“Tivemos perdas irreparáveis em maio e elas não se desfazem. No final do ano, se a gente tiver um resultado positivo, ele poderia ser maior não fossem as perdas daquele mês. E se o resultado for negativo, ele poderia ser menos intenso não fossem os efeitos da greve dos caminhoneiros”, disse.

Desempenho por setor
O avanço em junho foi puxado pelos serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que cresceu 15,7%. O segmento de transporte terrestre teve alta de 23,4%, impulsionado pelo aumento na receita das empresas de transporte rodoviário de carga, e o de transporte aéreo cresceu 12,1%.

Outros destaques de alta foram os ramos de serviços de informação e comunicação (2,5%), de outros serviços (3,9%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (0,4%).

Por outros lado, os serviços prestados às famílias recuaram 2,5%, a segunda taxa negativa seguida. Também registraram queda serviços de alojamento e alimentação (-2,4%) e serviços técnico-profissionais (-2,2%).

Serviços de restaurantes em queda
Dos quatro principais segmentos dos serviços, apenas aqueles prestados às famílias tiveram queda em junho. Segundo o IBGE, o que explica o recuo deste segmento são os restaurantes.

Os serviços prestados às famílias, segundo Lobo, vem sofrendo pressão negativa da conjuntura econômica. Dentre as principais atividades deste segmento, os serviços prestados pelos restaurantes representam 45% do volume de serviços prestados às famílias.

“As pessoas estão preferindo comer em casa, ou comprar quentinhas informais, que comer em restaurantes. É muito mais uma questão conjuntural, já que é um segmento que depende muito da renda, do mercado de trabalho”, disse Lobo.
Por regiões
Regionalmente, 22 dos 27 estados tiveram altas nos serviços em junho, na comparação com o mês imediatamente. O destaque foi São Paulo, com alta de 4,6%, a alta mais intensa desde o início da série histórica. Outros resultados positivos vieram de Minas Gerais (9,8%), Paraná (10,1%), Rio de Janeiro (3,6%), Mato Grosso (22,6%) e Bahia (9,7%).

Recuperação lenta
Com o desemprego ainda elevado e confiança dos empresários ainda baixa diante das incertezas em relação às eleições, o ritmo de recuperação da economia segue mais lento que o esperado.

Pesquisa Focus mais recente do Banco Central, que ouve cerca de uma centena de economistas todas as semanas, aponta que as expectativas para o crescimento da economia para este ano estão em 1,49%, metade do que era esperado alguns meses antes. O próprio governo federal reduziu recentemente sua previsão de crescimento do PIB neste ano de 2,5% para 1,6%. Até maio, estava em 2,97%.

 

Fonte: G1