O número de fusões e aquisições realizadas no Brasil caiu 5% em 2020 na comparação com 2019, e o volume movimentado nessas transações recuou 32%, no embalo dos reflexos, no país, da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.
Os dados são do boletim mensal da consultoria Transactional Track Record (TTR), sediada em Madri, na Espanha. Segundo o levantamento, foram 1.549 transações em 2020, a um valor total girado de R$ 229,5 bilhões.
Os números do quarto trimestre, por outro lado, mostram manutenção da tendência de recuperação iniciada no segundo trimestre do ano, logo após o baque da covid-19. Foram 491 negócios nos meses de outubro, novembro e dezembro, apenas 3% a menos que no mesmo período de 2019, e elas movimentaram R$ 81,4 bilhões, segundo a TTR.
A entidade apontou como destaque do período a operação de compra de ativos da Oi por parte de um consórcio formado por Telefônica, Tim e Claro. A operação do setor de telecomunicações móveis movimentou R$ 16,5 bilhões, segundo o relatório.
No ano, o setor que mais concentrou transações foi o de tecnologia, com 504 operações de fusão de aquisição, um aumento de 19% em comparação com 2019. Na sequência apareceram os setores de finanças e seguros, com 222 operações (alta de 4% frente a 2019), e higiene e saúde, com 175 transações (alta de 22%).
EUA reduzem aquisições em 18%.
Em 2020, segundo o levantamento da TTR, os Estados Unidos reduziram suas aquisições no Brasil em 18%.
Embora tenham comprado menos, os EUA seguiram na liderança dos países comandando aquisições ou fusões com empresas brasileiras, com 119 transações em 2020. Na sequência nesse ranking de países aparecem a Alemanha, com 22 negociações, e Espanha, Reino Unido e Canadá, com 15 negócios no país cada um.
No sentido oposto, da atuação brasileira no exterior, os EUA seguiram sendo o destino preferido do capital brasileiro, com 24 transações em 2020. O segundo país que mais recebeu investimentos brasileiros em fusões e aquisições foi a Colômbia, com nove transações.
Na mesma direção, fundos de private equity e venture capital estrangeiros também reduziram, em 42%, seus investimentos no país no período. Foram 124 aplicações por fundos de private equity, das quais 42 tiveram valores divulgados e totalizaram R$ 11,5 bilhões.
Já os fundos de venture capital fizeram 421 rodadas de investimento e giraram R$ 18,6 bilhões. O setor mais beneficiado por esses fundos foi o de tecnologia, que foi palco de 269 transações, um aumento de 32% na comparação anual. Na sequência em totais de aplicações de capital de risco vieram os segmentos de finanças e seguros, com 84 transações (alta de 29% frente a 2019), e de higiene e saúde, com 44 investimentos (alta de 132%).
O informe da TTR mostra ainda um ranking de assessores financeiros e jurídicos nas áreas de fusões e aquisições, private equity e venture capital. Em 2020, a liderança entre assessores financeiros foi, em transações, do banco Itaú (31 operações), e, em valor, do BTG Pactual (R$ 65 bilhões).
Já entre assessores jurídicos, o escritório Veirano Advogados liderou em número de transações, com 93, e o Mattos Filho liderou em valor global das operações, de R$ 49,6 bilhões.
Fonte: Valor Invest