Após um longo atraso por conta da invasão do Capitólio por manifestantes pró-Donald Trump, o Congresso dos Estados Unidos certificou a eleição do democrata Joe Biden como o 46º presidente do país. Ele tomará posse no dia 20 de janeiro.
Em uma sessão conjunta da Câmara dos Representantes e do Senado, os parlamentares americanos confirmaram por volta das 5h30 (horário de Brasília, 3h30 de Nova York) desta quinta-feira (7) o resultado que já havia sido definido pelo Colégio Eleitoral em dezembro, em que Biden venceu com 306 delegados, contra 232 de Donald Trump.
Biden atingiu 271 votos no Colégio Eleitoral, um a mais do que o necessário para uma vitória na Casa Branca, com a aceitação da lista de eleitores de Vermont.
Considerada apenas uma formalidade no processo eleitoral dos EUA, já era esperado que desta vez a certificação da eleição pelo Congresso poderia ser conturbada, com a expectativa de que aliados de Trump fizessem objeções para prolongar a sessão conjunta das duas Casas.
O que não se esperava, porém, era que o próprio presidente ajudaria a inflar manifestantes, que saíram de um comício seu para irem até o Capitólio, criando o caos e atrasando o processo.
Durante sua fala para apoiadores, que ocorreu antes da sessão do Congresso, que começou às 15h (horário de Brasília) de quarta (6), o atual presidente disse que marcharia junto com os manifestantes pelas ruas da capital americana. “Eu estarei com vocês. Vamos andar até o Capitólio e felicitar nossos bravos senadores e congressistas”, disse ele.
Enquanto deputados e senadores discutiam a primeira das objeções republicanas, envolvendo o resultado do estado do Arizona, manifestantes subiram as escadas e escalaram as paredes externas do prédio onde fica o Congresso. Eles entraram no edifício e tiveram diversos confrontos com a polícia.
Neste momento, o vice-presidente Mike Pence, que também acumula o cargo de presidente do Senado, anunciou um lockdown do Capitólio. Ele foi escoltado e retirado do edifício, enquanto que os senadores e deputados foram levados para locais seguros dentro do prédio principal.
A vice-presidente eleita Kamala Harris, que é senadora, ficou no Congresso em um local seguro, segundo sua equipe.
A prefeitura de Washington determinou um toque de recolher das 18h (hora local) de quarta até às 6h de quinta-feira para tentar acalmar os ânimos.
A polícia confirmou que mais de 25 pessoas foram presas na cidade de Wasihngton por conta dos protestos. Além disso, uma mulher que foi baleada dentro do Capitólio e mais três pessoas que sofreram grave ferimentos acabaram morrendo.
A sessão do Congresso foi retomada por volta das 23h (horário de Brasília) com a continuidade da discussão da objeção sobre o Arizona, que acabou rejeitada tanto pela Câmara quanto pelo Senado.
Em seguida, os parlamentares seguiram o rito normal de certificação do resultado, com senadores retirando algumas das objeções que pretendiam apresentar. A exceção ficou com a Pensilvânia, que acabou prolongando o processo, mesmo com senadores e deputados tentando encurtar o debate para menos das duas horas limites para discussões. Câmara e Senado rejeitaram as objeções impostas ao resultado eleitoral na Pensilvânia, sendo confirmado o resultado apresentado pelo colégio eleitoral do Estado.
Mortos e detidos
A invasão do Capitólio começou na tarde da última quarta após Trump fazer um discurso inflamado, cerca de duas horas antes da sessão do Congresso começar, pedindo para que seus apoiadores “marchassem até o Capitólio para felicitar nossos senadores e congressistas”.
Com o “sinal verde” para ir à sede do poder legislativo do país, manifestantes invadiram o prédio quebrando janelas e vandalizando diversos postos de trabalho de senadores e deputados.
No entanto, a repressão ao protesto não foi violenta e alguns dos manifestantes chegaram a ser acompanhados pelos agentes para fora do local.
Segundo informações da imprensa norte-americana, quatro pessoas morreram na invasão – uma mulher já foi identificada como uma das invasoras do prédio, e os outros três (uma mulher e dois homens) não foram identificados ainda. Outras 52 pessoas foram presas e 14 membros da segurança do Capitólio ficaram feridos.
Fonte: Infomoney