Notícias

Animação com chegada de vacina nos EUA ofusca preocupação com mais 'lockdown'

Segunda, 14 Dezembro 2020

Fique de olho

Depois do Reino Unido, é a vez de os Estados Unidos darem início à vacinação de parte de sua população contra a covid-19. Trabalhadores em uma fábrica da Pfizer, em Michigan, despacharam ontem cedinho as primeiras remessas do imunizante.

O momento tão aguardado chega quando as infecções e mortes por covid-19 estão aumentando nos Estados Unidos. Segundo informações da agência Reuters, o chefe do programa norte-americano de vacinação para a doença, Moncef Slaoui, disse que o país pretende vacinar 100 milhões de pessoas com a vacina contra a covid-19 até o fim de março.

Era a notícia que o mercado americano precisava para operar em alta, ignorando o aumento de casos e medidas restritivas que estão sendo readotadas em todo o mundo.

A decisão que mais chama a atenção do mercado hoje é o retorno do "lockdown" na Alemanha a partir de quarta-feira, com o fechamento de todas as lojas e escolas, até 10 de janeiro. A Coreia do Sul também está considerando elevar as restrições de distanciamento social ao mais alto nível.

Mas os receios dos impactos econômicos com os fechamentos de economias são eclipsados, por enquanto, por toda a animação com o início da imunização nos Estados Unidos. Na Europa, as bolsas ganham impulso com o anúncio da União Europeia e do Reino Unido de que "farão um esforço extra" para fechar um acordo comercial pós-Brexit.

E quando chegará a nossa vez de ter os braços devidamente furados com o imunizante? Essa dúvida ainda está longe de ter uma resposta, independente do avanço dos estudos com as vacinas. O imbróglio em Brasília é tão grande que a confusão ganhou intervenção judicial.

Ontem, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o advogado-geral da União, José Levi, informem em até 48 horas a previsão de início e término do Programa Nacional de Imunização contra a covid-19.

Governadores também devem pedir detalhes sobre o cronograma ao governo federal e apresentar sugestões para aprimorá-lo, mas até agora ainda não há previsão de uma nova reunião sobre o assunto.

A decisão vem após o Advogado-Geral da União (AGU) apresentar ao STF o plano de imunização contra a covid-19. Contudo, 36 integrantes do grupo que assessorou o governo na elaboração de seu plano afirmarem não ter dado anuência ao documento apresentado. No plano entregue pelo governo, os especialistas são colocados como elaboradores do texto.

Com a confusão armada o Ministério da Saúde divulgou nota ontem afirmando que os pesquisadores citados foram convidados para participarem de debates "com cunho opinativo e sem qualquer poder de decisão na formalização".

A despeito da "turminha do barulho aprontando altas confusões", no maior estilo "Sessão da Tarde", o mercado brasileiro tende a seguir o embalo otimista lá fora com o fluxo estrangeiro que não para de chegar.

Adilson Bonvino, sócio da Unnião Investimentos, chama a atenção para a agenda lotada da semana, que tem ata da última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) e a reunião com a decisão sobre os juros - e sinalizações futuras - nos Estados Unidos.

"A questão do coronavírus é preocupante, mas o mercado está tendo um volume ainda forte. Nossas agendas são mais voltadas para questões da pressão inflacionária", diz Bonvino.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única entre os temores da segunda onda da covid-19 e o início da vacinação contra a doença em países como os Estados Unidos.

No Japão, depois de um início “de lado”, o índice Nikkei, referencial da Bolsa de Tóquio, subiu 0,30%, ajudado pela pesquisa trimestral Tankan, do Banco do Japão, que mostrou melhora na confiança das grandes empresas pelo segundo trimestre seguido.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi, referência da Bolsa de Seul, caiu 0,28%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng também caiu 0,44%. Na China, o Xangai Composto subiu 0,66%, e o Shenzen Composto avançou 1,07% com as notícias sobre o início da vacinação nos Estados Unidos contribuindo para o bom humor dos investidores.

Agenda

A agenda de hoje traz alguns pontos importantes que devem manter os investidores atentos ao longo do dia. No Brasil, o destaque principal é o resultado de outubro do IBC-Br, às 9h, que deve confirmar o processo de recuperação da atividade econômica.

A mediana das estimativas de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data para o indicador é de alta de 1,1% em outubro, após avanço de 1,3% em setembro, na série com ajuste sazonal. O intervalo de projeções vai de retração de 0,2% a alta de 2%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a mediana das projeções é de queda de 2%.

Além disso, o Banco Central realiza um novo leilão de 16 mil contratos de swap cambial, o que pode dar um novo dia de alívio ao mercado de câmbio. A operação ocorre das 11h30 às 11h40. Já o Boletim Focus, às 8h30, pode conter atualizações nos números projetados para a taxa básica de juros e para a inflação, após a reunião de semana passada do Copom.

No exterior, destaque para o Colégio Eleitoral nos Estados Unidos, cuja votação se dará hoje em cada um dos Estados, certificando a vitória de Joe Biden na corrida presidencial americana. Os primeiros a votar serão Indiana, Tennesse e Vermont, por volta de meio-dia. Alguns dos Estados mais disputados na eleição votarão às 14h: Arizona, Geórgia e Pensilvânia. A votação dos delegados de Wisconsin está marcada para 15h e, em Michigan, para 16h. O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, tem na agenda um discurso que deve ter início às 22h

O dia é esvaziado na agenda de indicadores em solo americano. À noite, destaque para os indicadores de atividade econômica da China referentes a novembro, às 23h.

Empresas

Termina hoje (14) o período de reserva para pequenos investidores comprarem ações da Neogrid antes da estreia na bolsa, prevista para a próxima quinta-feira (17), com o código “NGRD3”. Fundada em 1999, a companhia de software, dados e tecnologia atende indústrias, distribuidores e varejistas para aumentar a disponibilidade de produtos nas prateleiras e reduzir os estoques.

Em sua estratégia de transformação digital, a Cogna está lançando um marketplace de ensino superior que já começa com 16 empresas que pertencem ao grupo. É a primeira grande iniciativa do gênero no setor. Outras áreas como varejo, refeições a domicílio e serviços de saúde já estão operando esse tipo de plataforma, semelhante a um shopping center virtual.

O Grupo Pão de Açúcar e a subsidiária Sendas informaram nesta manhã que aprovaram a proposta de reorganização societária para realizar a cisão da rede Assaí das demais atividades de varejo tradicional do grupo.

 

Fonte: Valor Investe