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Falta de acordo nos EUA e no Brexit fecha o tempo das bolsas globais

Sexta, 11 Dezembro 2020

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Falta pouco, falta bem pouco. Falta exatamente - e apenas - 0,45% de alta para que o Ibovespa zere as perdas deste ano caótico. Mas parece que essa distância pode aumentar um pouco no pregão de hoje com as nuvens cinzentas fechando o tempo dos mercados financeiros lá fora.

Os principais motivos são os desfechos nada satisfatórios de duas grandes novelas que também marcaram o ano.

Nas discussões em torno de um novo pacote de ajuda aos Estados Unidos, republicanos e democratas seguem sem chegar a um acordo nas conversas que se estendem desde julho.

O líder da maioria republicana no Senado dos EUA, Mitch McConnell, disse que os senadores republicanos não apoiariam doar US$ 160 bilhões aos governos estaduais e locais, incluídos no projeto bipartidário de US$ 908 bilhões de estímulos fiscais. Os republicanos estão pressionando por uma medida que proteja as empresas de possíveis ações judiciais relacionadas ao novo coronavírus.

O pacote estenderia os benefícios do desemprego que acabam em 26 de dezembro, mas as negociações caminham para novo impasse. Sem o acordo, mais de 9 milhões de pessoas perderiam os benefícios, o que reduziria os gastos dos consumidores, o principal motor da economia dos EUA, e o resto da novela você já conhece: atividade econômica mais fraca e que afeta todo o mundo e, antecipando esse movimento, já causa mau humor nos mercados hoje.

Na extensa novela do Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse ontem que há uma "forte possibilidade" de que não haja um acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia. Ambos os lados disseram anteriormente que um acordo precisa ser alcançado até o domingo.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse aos líderes europeus reunidos em Bruxelas que um Brexit sem acordo comercial ou de segurança é agora o resultado mais provável, segundo informações da agência Reuters, citando uma autoridade europeia a par do assunto.

O problema é que esse é o formato mais radical de ruptura e não estava nos planos quando os britânicos votaram pela saída do bloco. Diante desse cenário, as bolsas na Europa operam no vermelho.

"Para fechar o pacote de notícias menos positivas da sexta, uma funcionária da Bloomberg foi presa na China acusada de colocar a segurança nacional chinesa em risco", destaca Yuri Cavalcante, sócio-fundador da Aplix Investimentos. Apesar do dia bastante pressionado pela cautela, ele avalia que o fluxo estrangeiro deve continuar beneficiando a bolsa brasileira no médio prazo.

Nem o noticiário de vacinas contra a covid-19 traz ventos positivos para limpar o céu dos mercados financeiros hoje. A farmacêutica Sanofi anunciou hoje que suas pesquisas para a vacina contra a covid-19, feitas em parceria com a britânica GlaxoSmithKline (GSK), sofreu um atraso.

A medicação busca melhorar a resposta imunológica em idosos, mas, segundo a agência de notícias Dow Jones, os resultados provisórios das fases 1 e 2 mostraram respostas insuficientes justamente nesse grupo. A vacina só deve estar disponível no quarto trimestre do ano que vem.

Para não dizer que só tem notícia negativa no radar. Ontem à noite, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings afirmou a nota soberana do Brasil em “BB-”, com perspectiva estável, mas o futuro, claro, depende do nosso fiscal.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única, mas com viés negativo, pressionadas pelos sinais de desaceleração econômica nos EUA e na Europa, em grande parte gerados pela retomada de restrições para conter o avanço da pandemia de covid-19.

O Nikkei, índice de referência da bolsa de Tóquio, fechou em queda de 0,39%, enquanto o Kospi, de Seul, avançou 0,86%, e o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,36%. Na China, o Xangai Composto fechou em queda de 0,77%, e o Shenzen Composto recuou 1,31%.

Agenda

Após dias bastante intensos nesta semana, a agenda hoje é um pouco mais calma. No Brasil, o principal destaque do dia é a atividade do setor de serviços, às 9h, com números referentes a outubro.

Além disso, o Banco Central promove novo leilão de contratos de swap cambial, entre 11h30 e 11h40, o que pode ter impacto no mercado de câmbio.

No exterior, destaque para a inflação no atacado nos Estados Unidos, às 10h30, e para o índice de sentimento do consumidor americano medido pela Universidade de Michigan, às 12h.

Empresas

A B3 divulgou sua projeção (no mercado chamado de 'guidance') para 2021. A companhia prevê alavancagem financeira (medida como a dívida bruta sobre o Ebitda recorrente) de 1,5 vez, acima da meta de 1,2 vez estabelecida para este ano. A companhia tem como alvo para 2020 e 2021 distribuir entre 120% e 150% do seu lucro líquido aos acionistas, na forma de juros sobre capital próprio, dividendos, recompra de ações ou outros instrumentos aplicáveis.

A B3 informou que a partir de 2 de fevereiro de 2021 entrarão em vigor novas políticas de tarifação de produtos no mercado à vista de renda variável. O novo modelo de tarifação havia sido anunciado em janeiro e deveria ter entrado em vigor em agosto, mas a companhia adiou para o início de 2021, alegando que as corretoras precisavam de mais tempo para ajustar seus sistemas.

 

Fonte: Valor Investe