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'Recado' do Banco Central acende alerta no mercado em dia de espera por estímulos

Quinta, 10 Dezembro 2020

Fique de olho

O dia hoje deve ser de reação ao comunicado do Banco Central divulgado na noite de ontem justificando a manutenção da Selic em 2% ao ano, como já era amplamente esperado. Já o tal "forward guidance", que é a sinalização do que deve acontecer nas próximas reuniões, não foi exatamente o mesmo.

No texto, o Banco Central sinaliza que a indicação de juros parados em 2% ao ano caminha para, "em breve", sair de seu radar diante da "reversão da tendência de queda das expectativas de inflação em relação às metas para o horizonte relevante". Sim, a inflação que já incomoda o seu bolso chamou a atenção da autoridade monetária, embora o "diagnóstico de que os choques atuais são temporários" tenha sido mantido.

"Isso obviamente é negativo para a bolsa. Essa queda dos juros foi o fator que alimentou bastante a alta do mercado local, em parte porque os investidores pessoa física começaram a migrar para o mercado de ações e de outra parte os juros baixos sustentam um 'valuation' mais alto para o mercado", afirma Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset.

Com a sutil, mas importante, mudança no tom do recado da Banco Central, Siqueira avalia que o impacto negativo nas ações deve ocorrer, principalmente, em empresas mais "comparáveis" com títulos públicos, como aquelas com receitas muitas vezes indexadas a inflação, como o setor elétrico, concessões rodoviárias e também deve respingar nos shoppings.

Nos Estados Unidos, a Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto de lei de gastos com uma semana de validade, com o objetivo de evitar uma paralisação do governo federal (shutdown) que começaria no sábado (12), informa a agência Reuters. A expectativa é de que o Senado aprove a medida até o fim desta semana.

Já as negociações em torno de um novo pacote de estímulos para a economia americana segue no mesmo "lenga lenga" e os investidores voltam a demonstrar cansaço com essa espera. O governo do presidente Donald Trump propôs um projeto de US$ 916 bilhões em estímulos anteontem, mas as discordâncias continuam entre democratas e republicanos e nada foi decidido enquanto os casos de covid-19 seguem escalando e levando à adoção de medidas de restrição circulação - o que impacta negativamente a economia.

Falando em estímulos, o Banco Central Europeu divulga ainda nesta manhã as decisões de sua última reunião e a grande expectativa do mercado é de que sejam anunciadas mais recompras de títulos para ajudar a economia local a se recuperar.

Na outra novela, a do Brexit, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, concordaram em adiar por mais 72 horas o desfecho das tensas negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

Bolsas internacionais

A maioria das bolsas da Ásia fechou em queda depois que a fraqueza nas ações das empresas de tecnologia levou a um declínio em Wall Street na sessão de ontem.

O Nikkei, índice de referência da Bolsa de Tóquio, caiu 0,23%, o Kospi, da Bolsa de Seul, recuou 0,33%, e o Hang Seng, de Hong Kong, cedeu 0,35%. Já na China, o Xangai Composto subiu 0,04%, e o Shenzen Composto avançou 0,12%.

O recente aumento de casos de covid-19 e restrições mais rígidas às empresas nas últimas semanas aumentaram novamente a importância de uma vacina para empresas abaladas. O lançamento de vacinas na Ásia tem sido mais lento. Em muitos países, os surtos aumentaram e diminuíram à medida que os governos buscam um equilíbrio entre as precauções contra a pandemia e as exigências econômicas.

No front comercial, o Ministério do Comércio chinês disse que uma investigação concluiu que a Austrália subsidia indevidamente as exportações de vinho, prejudicando os produtores chineses, e impôs um imposto de compensação de 6,3% a 6,4%.

A China, o maior mercado de exportação da Austrália, já bloqueou efetivamente as importações de vinho australiano ao impor impostos de mais de 200%. Pequim também bloqueou as importações de carne bovina, trigo e outros produtos australianos desde que o governo do país oceânico expressou apoio a uma investigação independente sobre as origens do novo coronavírus.

As bolsas europeias operam em alta moderada nesta manhã à espera da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE)

Agenda

A agenda de hoje traz eventos e indicadores relevantes e que devem ser acompanhados com atenção. As vendas no varejo de outubro no Brasil abrem o dia, às 9h, e a expectativa é de alguma desaceleração do desempenho positivo do comércio varejista visto nos últimos meses. Além disso, destaque para o leilão de 16 mil contratos de swap cambial marcado pelo Banco Central e para o leilão semanal de títulos públicos do Tesouro Nacional.

No campo internacional, a reunião do Banco Central Europeu (BCE) concentra as atenções às 9h45 e há expectativa no mercado por mais estímulos da autoridade monetária da zona do euro. Já às 10h30, dois eventos importantes devem disputar os investidores: o início da coletiva da presidente do BCE, Christine Lagarde, e a divulgação dos números de novembro de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, no momento em que as expectativas de inflação têm começado a se mover para cima, especialmente nos trechos de mais longo prazo.

Empresas

A MRV Engenharia criou uma subsidiária para atuar no segmento de média renda, a Sensia Incorporadora. A empresa nasce com meta de R$ 1 bilhão em valor geral de vendas (VGV) a ser lançado em 2023, o correspondente a 3 mil unidades, destinadas a famílias com renda mensal de R$ 7 mil a R$ 11 mil.

A Vale e o governo de Minas Gerais negociam um acordo para reparação dos danos provocados pelo rompimento da barragem em Brumadinho que, segundo fontes da agência de notícias “Reuters”, deve envolver a transferência de bilhões para fundos geridos pelo Estado.

A administradora de planos de saúde Qualicorp concluiu na quarta-feira, incluindo a aprovação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a compra de 75% da Plural Gestão em Planos de Saúde e 75% da Oxcorp Gestão Consultoria e Corretora de Seguros .

A Petrobras finalizou ontem a venda de 100% de suas participações em quatro campos terrestres, localizados na Bacia do Tucano, no interior da Bahia, para a Eagle Exploração de Óleo e Gás. A operação foi concluída com o pagamento de US$ 2,57 milhões para a Petrobras, já com os ajustes previstos no contrato. O valor recebido se soma ao montante aos US$ 602 mil pagos na assinatura do contrato, totalizando US$ 3,17 milhões.

A Cogna informou que a controlada Vasta adquiriu a startup Meritt, plataforma voltada para avaliação digital. A companhia não informou o valor da aquisição.

O conselho de administração da Ambev aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) no montante de R$ 0,4137 por ação. Descontado impostos, o montante distribuído será de R$ 0,3517 por papel.

O conselho de administração da Ambev aprovou a celebração contratos de troca de resultados de fluxos financeiros futuros com liquidação financeira (“equity swap”), tendo como referência ações ou recibos de ações (ADRs) da companhia.

De olho no aumento do consumo de eletricidade da indústria de telecomunicações com a chegada da tecnologia 5G ao Brasil, a Claro fechou um acordo para suprimento de energia solar com a Neoenergia a partir de 2022. O contrato permitirá à holding de energia construir os parques de Luzia II e III, o primeiro projeto fotovoltaico de geração centralizada do grupo.

O conselho de administração da AES Tietê aprovou o pagamento de R$ 35,6 milhões em juros sobre capital próprio, o equivalente a R$ 0,0178 por ação ordinária e R$ 0,8925 por unit.

O conselho de administração da PagueMenos aprovou um programa de recompra de até 1,1 milhão de ações, o que representa 0,69% dos papéis em circulação. De acordo com a companhia, o programa entrará em vigor hoje e terá duração de três meses, ou seja, até 10 de março de 2021.

 

Fonte: Valor Investe