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B3 fala de mudanças feitas para embarcar os milhões de novos investidores de 2020

Quarta, 09 Dezembro 2020

Em 2020, o número de investidores pessoas físicas já quase dobrou, passando de 1,68 milhão no fim de 2019 para 3,17 milhões no fim de novembro, 88% de crescimento. Para receber e melhor educar esses novos investidores, a B3 lançou este ano uma nova plataforma de cursos, contando com conteúdo de outras empresas que passaram pelo crivo de qualidade da bolsa. Esta foi uma das ações que, segundo o presidente da B3, a empresa está fazendo para se estruturar para absorver os novos investidores que se lançam em ativos mais arriscados em um cenário de taxa de juros baixa.

“Certamente [a B3] tem um papel importante como infraestrutura de mercado para ser indutor dessa agenda [de educação financeira]. O que fizemos ao longo do ano foi reformular o posicionamento na abordagem de educação financeira. A B3 deixou de ser uma escola tradicional com conteúdo próprio para lançar um hub de educação. Compartilhar e disponibilizar bons conteúdos feitos pelos mercados para investidores”, diz Gilson Finkelsztain, presidente da B3 em painel do Congresso Internacional da Planejar, associação de planejadores financeiros, na noite de terça-feira.

Para ele, o investidor vai diversificar seletivamente à medida que ele entender a dinâmica do mercado de investimentos e entender que pode ganhar mais correndo mais risco.

“Essa foi a grande lição do ano, trazer à tona a discussão real de risco versus retorno. Deixou evidente a importância de diversificação. Investidores começaram a entender os diversos mercados”, pontua, ressalvando que não apenas o mercado de ações, mas também o de fundos de investimentos e fundos imobiliários se destacaram em captação em 2020.

“Há uma maturidade maior de investidores para entenderem o que é liquidez, o que é 'duration'. Isso é bom para todo mundo, para o mercado, investidores e o desenvolvimento do país”, completa.

Mas essa foi apenas uma das ações. Perguntado sobre os investimentos na área de crédito privado, que ainda é um segmento menos líquido e com baixo nível de precificação diária dos ativos, Finkelsztain disse que o foco está em duas frentes.

Uma delas o investimento em uma plataforma que torne eletrônico o mercado de crédito privado, como já vem fazendo com títulos públicos desde 2013. O objetivo, diz, é trazer mais transparência e agilidade. Segundo ponto é a avaliação das debêntures e outros títulos privados.

“Temos na B3 uma equipe grande e experiente em risco, dado que temos atuação relevante na solvência do negócio principal da companhia, na clearing. Precisa ter equipe sólida e com conhecimento de risco e temos trabalhado muito o assunto de 'precificação' de mercado secundário, seja para marcação a mercado para ativos que já tenham liquidez, ou marcação a modelo para quem não tem ainda liquidez. Atingimos 1 mil debêntures precificadas e queremos evoluir para outros instrumentos”, diz.

Ainda na área de crédito, algo que está na agenda é o empréstimo do título privado, para aumentar a liquidez e evitar o "short squeeze", movimento brusco de aumento no preço de uma ação na bolsa de valores.

“Na agenda combinamos softwares, sistemas auxiliares, precificação, calculadoras, tudo para que o investidor tenha cada vez mais transparência sobre esses ativos para podermos fomentar um mercado secundário robusto”, comenta.

 

Fonte: Valor Investe