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Ibovespa 'quer' 117.700 pontos, mas tem Brasília e embate entre China e EUA no caminho

Segunda, 07 Dezembro 2020

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O Ibovespa completou cinco semanas seguidas no positivo impulsionado, principalmente, pelo apetite dos investidores estrangeiros por ativos de maior risco alimentado pelo noticiário positivo envolvendo as vacinas contra a covid-19.

O índice terminou o último pregão em 113.750 pontos, superando o nível pré-crise de 113.681 pontos, registrado no último pregão antes do carnaval, no dia 21 de fevereiro. Ao ultrapassar a marca de resistência 113.500 pontos, o Ibovespa mantém sua tendência de alta e deve buscar os 117.700 pontos, segundo Igor Graminhani, analista gráfico da Genial Investimentos.

Resistência é o ponto marcado pela maior briga entre compradores e vendedores, em que o índice enfrenta maior dificuldade de ultrapassar o tal patamar, uma vez que a força de compra pode não ser suficiente para continuar impulsionando os preços. Vale destacar que, mesmo em uma tendência de alta, o índice ainda pode passar por alguns dias de correções sem mudar sua trajetória.

E hoje pode ser um desses dias de correção, já que há ventos negativos vindos do exterior e de Brasília. Um deles vem de novas faíscas na relação entre os Estados Unidos e a China, diante de relatos de que o governo de Donald Trump deve impor novas sanções ao país oriental no apagar das luzes de seu mandato.

"Os Estados Unidos estão planejando colocar mais sanções a autoridades chineses por causa do evento de Hong Kong", observa Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Na sexta-feira, o Departamento de Estado dos EUA também disse ter encerrado cinco programas de intercâmbio cultural com a China, chamando-os de "ferramentas de propaganda de poder brando".

Além disso, a novela da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, segue sem desfecho. Segundo informações da rede BBC, as disputas sobre as regras de pesca e concorrência comercial ainda estão em andamento, mas funcionários do governo do Reino Unido disseram que "ainda há tempo para chegar a um acordo". Já na União Europeia, o clima é descrito como "pessimista" antes do encontro do negociador-chefe do bloco, Michel Barnier, com o diplomata britânico David Frost, previsto para hoje.

O vento doméstico negativo vem de Brasília, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de vetar a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por maioria de seis votos.

"Foi um pouco surpreendente como foi decidido. O mercado estava precificando que eles iam poder se reeleger, ou que pelo menos o Alcolumbre poderia. No Senado parecia que estava bem encaminhada a reeleição dele. Já o Maia parecia que iria ter uma troca. Novamente devemos ter um Congresso com menos foco em reformas e mais foco em eleição. A pauta econômica deve ser mais uma vez escanteada. Até, provavelmente, março, não devemos ter avanço nos principais temas", explica Cruz.

Além desses eventos, o aumento do número de casos de covid-19 nos Estados Unidos também preocupa, especialmente após a região da cidade de San Francisco, no norte da Califórnia, ter imposto desde o fim de semana uma série de restrições para a circulação de pessoas e a abertura do comércio.

Apesar do viés mais negativo dos mercados globais hoje, Cruz lembra que os dias de correção das bolsas têm demonstrado "uma piora mais contida", com os índices caindo menos de 1% e logo retomando a trajetória positiva nos pregões posteriores.

Para não dizer que só tem notícia negativa, as exportações chinesas mostraram forte recuperação em novembro ao saltar 21,1%, bem acima das expectativas de crescimento de 12%. Já as importações cresceram 4,5% ante outubro, abaixo da estimativa de 5,3%.

Ao longo da semana, Cruz chama a atenção para as decisões sobre juros de bancos centrais no Chile, Peru, Europa, Canadá e, claro, no Brasil. "A tensão em cima do comunicado [do Banco Central] será grande para ver se eles já vão abordar de forma diferente a inflação, que está ficando um pouco mais alta que o previsto", diz Cruz, que prevê extensão dos estímulos monetários pelo Banco Central Europeu para dar suporte à recuperação econômica da região.

Bolsas internacionais

Sentimentos mistos em relação aos desenvolvimentos relacionados à pandemia de covid-19 levam a diferentes resultados nas principais bolsas de valores asiáticas hoje.

Na Bolsa de Seul, o índice referencial Kospi subiu 0,51%, com as ações de tecnologia e de empresas farmacêuticas puxando os ganhos. Os investidores apostam numa retomada global com as notícias sobre vacinas contra a covid-19 chegando.

Porém, na Bolsa de Tóquio, o Nikkei perdeu os ganhos do início da sessão e caiu 0,76%, diante da alta de casos de covid-19 no Japão. Em Hong Kong, o índice de referência Hang Seng recuou 1,23%, após uma abertura em alta, com os investidores à espera de catalisadores mais positivos para levantar as ações relacionadas a bancos e empresas de consumo.

Na China, o Xangai Composto, da Bolsa de Xangai, abriu em alta, mas virou o sinal e fechou em queda de 0,81%, com os investidores preocupados sobre as notícias de lockdown no estado americano da Califórnia, o que pode ser o início de um novo período de restrições às exportações chinesas.

Na Bolsa de Shenzen, o Shenzen Composto também caiu 0,30%.

Agenda

Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a agenda de hoje traz como destaque os números de novembro do IGP-DI, cujo resultado acumulado em 12 meses alcançou 24,28%

Ainda em relação à inflação, destaque para o Boletim Focus, que deve conter atualizações nas projeções do mercado para o IPCA neste ano e em 2021, especialmente após a adoção da bandeira tarifária vermelha 2 pela Aneel para dezembro.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) comunica, às 10h30, o desempenho da indústria automobilística (veículos e máquinas agrícolas e rodoviárias) em novembro.

Empresas

A Kalunga protocolou pedido de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A oferta será de distribuição primária, quando os recursos vão para o caixa da empresa, e secundária, quando o dinheiro levantado vai para os acionistas vendedores.

A Irani Papel e Embalagem comunicou ao mercado há pouco que a B3 aprovou a admissão da companhia no segmento do Novo Mercado.

A Gol informou que em novembro teve geração líquida de caixa de R$ 3 milhões por dia, incluindo pagamento de serviço de dívida e despesas financeira. O resultado veio melhor que o projetado anteriormente pela companhia, que previa consumo líquido de caixa de R$ 3 milhões por dia.

Segundo a Gol, em novembro houve crescimento de 35% na busca por passagens aéreas, ante outubro.

 

Fonte: Valor Investe