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Bolsas esperam dados positivos de emprego dos EUA em meio a ruídos políticos no Brasil

Sexta, 04 Dezembro 2020

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As bolsas globais sinalizam mais um dia de otimismo no último pregão da semana pegando carona nos indicadores positivos da economia americana, com novo recorde no índice Nasdaq, após divulgação de pedidos de seguro desemprego abaixo do esperado na semana e expansão maior do que a prevista no setor de serviços em novembro.

Agora, os holofotes do mercado se voltam para o relatório do mercado de trabalho americano, conhecido como payroll, para entender a extensão dos efeitos negativos das novas medidas restritivas no emprego do país em um momento que uma segunda onda de covid-19 ganha força por lá.

A expectativa dos mercados é de uma desaceleração na quantidade de postos de trabalho criados, mas que também tenha uma queda na taxa de desemprego.

O Ibovespa, que ontem fechou aos 112.292 pontos - maior patamar já atingido desde o começo da crise, tende a seguir o desempenho das bolsas americanas, mas o cenário fiscal segue sendo o calcanhar de Aquiles do mercado.

"O ponto de atenção é o nosso cenário político, o quanto ele pode ajudar ou atrasar essa recuperação [econômica] já que continuamos dependentes das reformas administrativa e tributária para melhorar nossa saúde fiscal e assim gerar mais confiança", afirma Arthur Sousa, assessor de investimentos da Aplix.

Apesar da urgência dessas reformas, Sousa lembra que a agenda do Legislativo também é afetada pela articulação sobre os escolhidos para assumir a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados no início de 2021. "Ter um legislativo que consiga conversar com a equipe econômica sem gerar grandes estresses é fundamental para o andamento dessas reformas", diz.

Vale relembrar que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem revezando momentos de entendimento e desentendimento.

Ontem, Maia criticou nesta quinta-feira a intenção de Guedes de deixar uma meta flexível para o resultado fiscal de 2021 e, com isso, não precisar organizar o contingenciamento de despesas no ano que vem.

Para Maia, os investidores precisam saber pelo menos qual será o déficit público que o governo está buscando atingir para o próximo ano. "Não ter meta, ter uma meta flexível, é uma jabuticaba brasileira", criticou.

Depois disso, Guedes admitiu rever a proposta de meta flexível e disse que não há “nenhum problema” entre o Ministério da Economia e o Tribunal de Contas da União (TCU) e que, passado o período de maior incerteza econômica devido à pandemia, o governo pode agora definir uma meta fixa de primário para 2021.

Diante dos ruídos políticos e noticiários sobre a vacina contra o novo coronavírus, o assessor de investimentos recomenda uma boa dose de cautela. "O mercado está otimista e deve continuar, mas é necessário cautela ainda, principalmente porque percebo uma sensibilidade em relação às notícias das vacinas contra a covid-19", disse destacando a informação divulgada ontem pela Pfizer, que cortou pela metade o número de doses para este ano e que pesou no humor dos investidores.

Bolsas internacionais

A maioria das bolsas asiáticas se recuperaram das perdas iniciais de hoje e fecharam em alta, com exceção de Tóquio, apesar da Pfizer ter cortado pela metade o número de doses de uma vacina contra o coronavírus que poderá ser enviada este ano.

O Kospi, índice de referência da Bolsa de Seul, subiu 1,31% nesta sexta-feira e encerrou a semana com ganhos de 3,72%. O Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 0,22%, mas encerrou a semana com alta de 0,40%.

Por outro lado, o Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, subiu 0,40% no dia, e caiu 0,22% na semana. Na China, o Xangai Composto teve leve alta de 0,07% hoje e terminou a semana com ganhos de 1,06%. O Shenzen Composto subiu 0,50% e avançou 2,16% na semana.

Os investidores esperam que uma ou mais vacinas contra o coronavírus possam estar disponíveis no próximo ano, apesar dos desafios de fazer e distribuir bilhões de doses que devem ser mantidas congeladas.

As bolsas europeias operam em leve alta, mesmo caminho seguido pelos índices futuros dos EUA, enquanto os investidores esperam para ver se os últimos números de empregos americanos mostram os danos do ressurgimento da pandemia. As empresas farmacêuticas e de energia lideram os ganhos nesta manhã.

Agenda

O relatório de empregos (payroll) de novembro dos Estados Unidos, às 10h30, é o principal destaque da agenda de hoje, além dos números de outubro da balança comercial e das encomendas à indústria americana.

A leitura anterior foi de abertura de 638 mil vagas (estimativa agora é de abertura de 469 mil), com taxa de desemprego a 6,9% (expectativa de 6,8%). A taxa de participação foi de 61,74%, com estimativa agora de 61,6%.

No Brasil, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informa, às 10h30, o desempenho da indústria automobilística (veículos e máquinas agrícolas e rodoviárias) em novembro.

Empresas

A Ânima Educação informou na noite de quinta-feira que fixou o preço de R$ 34 por ação na oferta primária de 27 milhões de ações ordinárias a ser realizada na B3, o que levará a uma movimentação de R$ 918 milhões. Com o aumento de capital trazido pelo negócio, o capital total da empresa passará a ser de R$ 2,56 bilhões.

A Atma Participações informou que foi liquidada a sua 7ª emissão de debêntures, em duas séries, de debêntures conversíveis em ações, com esforços restritos de colocação.

 

Fonte: Valor Investe