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Fatores ESG devem superar o ouro: veja aqui o por quê

Terça, 01 Dezembro 2020

Os ETFs ESG, que dominaram os investimentos em fundos juntamente com o ouro este ano, podem, em breve, superar o metal. Embora ambas as estratégias — ETFs ESG e ouro — tenham sido consideradas como um refúgio, proporcionando proteção contra as quedas no mercado, acreditamos que os investimentos ligados a fatores ESG (Environment, Social and Governance) ainda estejam em fase de aumento de volume — não apenas posicionados para crescer, mas também para se beneficiar dos pacotes de estímulos fiscais verdes e das perspectivas positivas de uma vacina contra a COVID-19.

Além disso, a crescente sofisticação dos fatores ESG e a gama de produtos (excluindo ações), como estratégias de crédito de alto rendimento ou ligadas a imóveis, oferecem a esta mais nova classe de ativos acesso a um grupo muito mais amplo de investidores. Embora a Europa tenha dominado até agora, acreditamos que o despertar dos EUA com relação aos fatores ESG deve proporcionar influxos.

Fatores ESG não são só um refúgio como o ouro, também oferecem exposição ao crescimento

Embora os ETFs ESG não possam ser diretamente comparados com os fundos de ouro, seus fluxos têm sido continuamente semelhantes aos do metal — cada vez mais considerados como uma alternativa às estratégias de baixa volatilidade. Ao contrário do ouro, acreditamos que os fatores ESG tenham uma trajetória bem mais longa e estável, capaz de oferecer proteção contra quedas [no mercado] e exposição a fatores de alta rentabilidade, crescimento e momentum, com base no BI Factor Scorecard.

No longo prazo, o setor de ESG e as exposições de fatores podem sustentar o desempenho. À medida que os mercados se recuperam, o potencial baixo desempenho que poderia ser atribuído ao fator “baixa volatilidade” poderia ser compensado por condições de crescimento que ajudem os fatores ESG a continuar competitivos em mercados em alta.

A expectativa da descoberta de uma vacina beneficia ESG e diminui o interesse pelo ouro

O atual posicionamento das retenções de ETF ESG — com peso maior na saúde — pode continuar a render, à medida que melhoram as esperanças da descoberta de uma vacina contra a COVID-19 e de uma recuperação econômica. Embora a saúde continue no topo do BI Strategy Sector Scorecard, o setor farmacêutico está subvalorizado com base nas previsões do LPA e numa relação P/L de 2021 relativa aos níveis históricos — em parte devido a um dólar fraco e aos riscos de reforma. No entanto, o setor deve ser o primeiro a emergir das mazelas econômicas, de acordo com a estimativa de consenso Bloomberg.

A posição dos ETFs ESG europeus no setor da saúde continua sendo uma razão para a superação de resultados, oferecendo ainda mais espaço para vencer benchmarks à medida que o progresso da vacina evolui. Quase a metade das 10 principais holdings de fundos europeus inclui empresas, como Roche, GlaxoSmithKline e Sanofi, que poderiam se beneficiar com a corrida por testes e pela vacina.

Estímulos fiscais impulsionam ESG e desacelaram o ouro

A posição de ETFs ESG de sobrestimar produtos materiais e industriais, e de subestimar energia gerou mais de 10% de retorno total até o momento na Europa e nos EUA neste ano. Ambos os setores são capturados pelo BI Strategy Setor Scorecard e se beneficiam de duas tendências crescentes que impulsionam a recuperação: o estímulo fiscal verde e a transição global de energia que se afasta dos combustíveis fósseis.

A perspectiva para produtos materiais é positiva, pois bilhões são investidos em construção, energia e transporte sustentáveis. O setor se beneficia de fortes sinais técnicos: amplitude de preços e momentum de resultados. Nossa opinião sobre energia permanece pessimista. Os programas de estímulo fiscal buscam reduzir a dependência de combustíveis fósseis e crescem as dúvidas se a sina do petróleo será a mesma do carvão. Acreditamos que o setor enfrenta um declínio de longo prazo, apesar da valorização atual e do potencial de vantagem.

Fluxos de ETF ESG predominam sobre estratégias smart beta no cenário global

Enquanto a Europa continua sendo o maior mercado, com uma fatia de 5%, os EUA com seus meros 1% experimentam um crescimento mais rápido. Embora os fluxos de ETFs smart beta dos EUA tenham caído 63%, os ETFs ESG cresceram três vezes em relação a 2019. Na Europa, os fluxos de smart beta diminuíram em 38%, à medida que os influxos de ETFs ESG duplicaram até o momento.

Nos EUA e na Europa, os ETFs ESG continuam ganhando participação de mercado em relação às outras estratégias smart beta. Por exemplo, nos EUA, os ETFs ESG representaram 94% de todas as estratégias de ETF smart beta no acumulado do ano, contra apenas 11% em 2019. Influxos nos EUA de $ 16,6 bilhões superam todas as outras estratégias smart beta combinadas, incluindo valor, qualidade e crescimento.

 

Fonte: Bloomberg