Fique de olho
O último pregão de um mês de ganhos históricos, tanto na bolsa brasileira quanto nas americanas, aponta para um momento de realização de lucros com investidores institucionais, gestores de fundos e até pessoas físicas rebalanceando suas carteiras.
Até sexta-feira, o Ibovespa acumulava ganhos de 17,69% em novembro, patamar mensal próximo do obtido em outubro de 2002, de 17,92%, o que abre espaço para correções em um dia em que as bolsas europeias e os índices futuros americanos já mostram falta de fôlego para dar continuidade ao rali dos últimos pregões.
Adilson Bonvino, Sócio Unnião Investimentos, atuação na mesa de renda variável, explica que, feitos esses ajustes nas carteiras, os investidores voltam suas atenções para as questões políticas, com o fim do segundo turno das eleições municipais e na expectativa que a agenda fiscal e de reformas finalmente ande em Brasília.
Ao longo da semana, o Congresso deve se reunir para discutir a reeleição de Rodrigo Maia, na Câmara, e Davi Alcolumbre, no Senado, o que deve ajudar a influenciar as articulações políticas no Congresso a partir de agora, aponta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, e também a desenhar os caminhos para que o governo aprove o orçamento de 2021 e defina a fonte de financiamento para o Renda Cidadã, que tanto preocupa os mercados.
No radar ainda seguem as preocupações com os efeitos econômicos da segunda onda de covid-19 na Europa e a postura que os governadores brasileiros devem adotar após os pleitos municipais. Há receios sobre adoção de novas medidas de restrições de circulação às vésperas das compras de Natal
Bolsas internacionais
As principais bolsas asiáticas fecharam em queda hoje devido às preocupações com a aceleração dos casos de covid-19 nos países desenvolvidos.
A Bolsa de Tóquio abriu a semana em alta com renovadas expectativas sobre a aprovação de vacinas contra a covid-19, mas não resistiu e viu o índice Nikkei virar para queda e terminar o dia com perdas de 0,79%. Os investidores locais estão reticentes sobre a indefinição do governo japonês em aprovar rapidamente um orçamento extra para dar combate aos efeitos da pandemia sobre as exportações do país.
Ainda no Japão, Koichiro Miyahara, presidente da Bolsa de Valores de Tóquio, vai deixar o cargo para assumir a responsabilidade por uma falha no sistema que derrubou a bolsa em outubro, segundo fontes disseram ao jornal “Nikkei Asian Review” nesta segunda-feira.
Na Bolsa de Seul, o índice Kospi caiu 1,60%, puxado pelo desempenho ruim das ações de bancos e empresas de tecnologia. Investidores estrangeiros fizeram vendas generalizadas, o chamado "sell off" depois de uma sexta-feira de bons negócios puxados pelas bolsas de Nova York, enquanto os investidores institucionais optaram por realizar lucros na sessão.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 2,06%, com as ações de empresas de energia e de tecnologia apresentando performance fraca. A gigante chinesa CNOOC recuou 13,97% na sessão e o papel da Alibaba caiu 3,04% com a percepção de que aumentam os riscos regulatórios impostos pela China num momento de calotes corporativos em alta.
Na China, as bolsas de Xangai e Shenzhen operavam em alta no início da sessão depois que o governo divulgou os índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos setores industrial e de serviços. Ambos indicadores ficaram acima do previsto e mostraram a força da recuperação chinesa nos últimos cinco meses. No entanto, os índices perderam força ao longo do dia e também fecharam em queda.
O Xangai Composto caiu 0,49%, e o Shenzhen Composto recuou 0,15%, com as empresas de tecnologia à espera de melhores relações comerciais com os Estados Unidos a partir da chegada do presidente eleito Joe Biden à Casa Branca em janeiro.
As bolsas europeias operam sem direção única nesta segunda-feira, com os investidores atentos ao aumento da covid-19 no continente e nas negociações comerciais do Brexit.
Agenda
Com o fim das eleições municipais brasileiras, os investidores se voltam, agora, para as discussões no Congresso sobre a pauta econômica.
A agenda desta segunda-feira não traz grandes destaques. Entre os indicadores, o principal dado a ser divulgado é o resultado primário do setor público consolidado, com números referentes a outubro.
Além disso, destaque para o Boletim Focus, que pode trazer alterações nas projeções do mercado para a inflação, após o resultado do IPCA-15 de outubro divulgado na semana passada.
No exterior, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, discursa nesta manhã e deve atrair as atenções dos investidores.
Empresas
A corretora Wiz, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal na quinta-feira, anunciou a renúncia do membro do conselho de administração Camilo Godoy. “A companhia esclarece que o conselheiro renunciante outorga a Wiz a mais plena, irrevogável, irretratável, ampla, rasa e geral quitação, para nada mais reclamar, receber ou repetir, seja a que título for”.
A assembleia geral extraordinária da Arezzo aprovou a incorporação pela companhia das ações emitidas pela Vamoquevamo Empreendimentos (VQV), empresa que constitue o grupo de moda carioca Reserva, adquirido pela Arezzo em outubro.
A Cielo informou que as vendas no varejo brasileiro caíram 14,5% na Black Friday deste ano, comparado com a data no ano passado. O índice considera as vendas gerais, e não apenas as transação processadas nas maquininhas da Cielo. A queda geral foi puxada pelo varejo físico, que teve contração de 25,5%, enquanto no comércio eletrônico as vendas cresceram 21,2%.
O conselho de administração do Grupo Notre Dame Intermédica aprovou a realização da oferta pública secundária de 40 milhões ações da companhia de titularidade do fundo de investimentos Alkes II, que serão realizadas nos termos da instrução CVM 476. Um lote adicional de 10 milhões de ações pode ser ofertado caso haja interesse.
A Klabin convocou assembleia geral extraordinária para o dia 4 de janeiro de 2021 para deliberar sobre proposta de incorporação de sua subsidiária Riohold Papel e Celulose. A incorporação tem o objetivo de integrar as unidades de Paulínia, Suzano, Franco da Rocha, Rio Verde e Manaus, adquiridas da International Paper Brasil, aos sistemas de operação e gerenciamento da Klabin.
A Iguá Saneamento protocolou perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de desistência de sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). A oferta seria primária e secundária. A desistência da Iguá já era conhecida desde outubro, mas a companhia ainda não havia notificado a CVM oficialmente.
Fonte: Valor Investe