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Tríade de vacinas, transição nos EUA e segunda onda sem lockdown anima bolsas

Terça, 24 Novembro 2020

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A fila política está - finalmente - andando nos Estados Unidos, notícia que se alia aos resultados positivos dos testes com vacinas e as perspectivas de que não será necessário adotar confinamentos totais para lidar com a segunda onda de covid-19 para formar o "trio da alegria" nos mercados financeiros hoje.

Após semanas negando as aparências e disfarçando as evidências das urnas, o presidente Donald Trump pediu que suas agências e departamentos cooperassem com a transição de governo do republicano Joe Biden, que deve assumir a Casa Branca em 20 de janeiro de 2021.

“Estou recomendando que Emily e sua equipe façam o que for preciso ser feito em relação aos protocolos iniciais, e disse à minha equipe para fazer o mesmo”, disse Trump, referindo-se a Emily Murphy, chefe da Administração de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês).

Pedro Lang, diretor de renda variável da Valor Investimentos, disse que essa "passagem de bastão" demorou mais do que o mercado esperava, mas a notícia é bem recebida, uma vez que tira incertezas sobre o alongamento das disputas sobre a presidência americana - fora das urnas.

Lang observa ainda que o mercado financeiro continua repercutindo hoje o otimismo com a indicação da ex-presidente do Fed, Janet Yellen, para secretária do Tesouro dos Estados Unidos no governo de Biden.

"É um nome que está sendo bem recebido pelo mercado e esse movimento de otimismo que as bolsas estão vivendo deve continuar ao longo do dia. Consequentemente, devemos subir na esteira desse otimismo global", avalia Romero Oliveira, sócio da Valor investimentos.

Adicionando mais otimismo no noticiário das vacinas, a Rússia anunciou hoje que sua vacina Sputnik 5 foi efetiva em 91,4% na prevenção contra o covid-19, no tempo de 28 dias depois da aplicação da primeira dose, na segunda bateria de dados preliminares dos testes clínicos.

Embora o Ibovespa venha seguindo o otimismo global, o dólar e o mercado de juros futuros em alta mostram que os investidores não deixaram de lado os riscos fiscais e de inflação na cena doméstica. Por isso, ganha destaque os dados prévios da inflação de novembro que serão divulgados nesta manhã.

"Esse assunto [o risco fiscal] será um grande determinante para os ativos nas próximas semanas", diz Oliveira.

Ontem, o ministro da Economia Paulo Guedes até tentou voltar a falar em privatizações e agenda de reformas, mas o mercado está cético com as promessas

"Vimos a retomada da conversa sobre privatizações e o Guedes prometendo mais uma vez que assim que passarem as eleições municipais o governo volta a trabalhar forte nisso, então dá um pouco de esperança ao mercado, mas que já está um pouco incrédulo com esse tipo de conversa", diz Lang.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticas fecharam em alta hoje, com exceção dos índices chineses e de Taiwan. Em aspectos gerais, o desempenho ainda foi ajudado pelas notícias promissoras que sinalizam uma vacina próxima contra a covid-19 e recebeu um impulso adicional depois que uma agência do governo federal dos EUA reconheceu Joe Biden como o presidente eleito do país, dando luz verde para o processo de transição de poder, apesar dos esforços do presidente Donald Trump para anular a eleição na Justiça.

Com isso, o Nikkei, índice de referência da Bolsa de Tóquio, retornou do feriado e fechou em alta de 2,50%. O Kospi, da Bolsa de Seul, avançou 0,58%, e o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,39%.

Contudo, na China continental, o Xangai Composto caiu 0,34%, e o Shenzen Composto recuou 0,34%.

Agenda

Os números de inflação medidos pelo IPCA-15 de novembro são o principal destaque da agenda de hoje no Brasil, no momento em que as pressões inflacionárias se mantêm no foco dos investidores, que buscam pistas sobre o rumo da política monetária no próximo ano.

Segundo a mediana das estimativas de 24 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o IPCA-15 subiu 0,72% em novembro. Em outubro, o indicador avançou 0,94%. As projeções variam de aumento de 0,52% a 0,86%. Em 12 meses, a expectativa é que a inflação acumulada pelo IPCA-15 avance de 3,52% em outubro para 4,11% em novembro.

O resultado pode ter algum impacto na demanda por NTN-Bs, especialmente as mais curtas. O Tesouro Nacional realiza seu leilão tradicional de títulos atrelados ao IPCA durante a manhã.

No exterior, o índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos deve atrair as atenções dos investidores. A expectativa do mercado é de que haja uma desaceleração do indicador diante do aumento no número de casos de covid-19.

Ao longo do dia, alguns dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) participam de eventos. O presidente do Federal Reserve de Saint Louis, James Bullard, discursa às 13h e o presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, profere discurso às 14h. O vice-presidente do Federal Reserve (Fed) Richard Clarida faz discurso às 14h45.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, faz discurso às 11h.

Empresas

A Ânima Educação informou nesta manhã que seu conselho de administração aprovou a realização de oferta primária restrita de 27 milhões de ações ordinárias, com possibilidade de um lote adicional de 35% do total de ações inicialmente ofertadas, o que corresponde a 9,45 milhões de ações.

O grupo Carrefour parou com ações de mídia em redes sociais e retirou de veiculação, temporariamente, em praças centrais do país, como no sul e em São Paulo, peças publicitárias em rádio e TV, que buscavam atrair clientes para as lojas por meio de ofertas de produtos, dizem duas fontes a par do assunto ouvidas pelo Valor Econômico.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está se preparando para vender a fatia de 7,5% que detém da Klabin. Potenciais compradores começaram a enviar sinais de interesse nas ações, apurou o Valor. Ao preço atual da unit, que sobe 27,5% neste ano, o banco levantaria cerca de R$ 2 bilhões.

 

Fonte: Valor Investe