Fique de olho
Em meio a notícias positivas vindas dos testes das vacinas contra a covid-19, o mercado financeiro lembra que a imunização global ainda está distante e adota cautela diante dos números crescentes de contaminação na Europa e nos Estados Unidos.
O número de mortos por covid-19 chegaram a 1.707 ontem, no maior nível desde 14 de maio, e as escolas públicas de Nova York voltam a se fechar a partir de hoje para tentar conter a segunda onda do novo coronavírus.
"As boas notícias e o otimismo com o desenvolvimento das vacinas estão sendo sobrepostos pelas noticias de restrições nos Estados Unidos e Europa. As restrições levam a um pouco mais de cautela lá fora, que deve se refletir aqui dentro", diz Yuri Veras, assessor e sócio da Aplix Investimentos.
Na Europa, a cautela adicional vem do embate entre países nas discussões em torno de uma cláusula da lei orçamentária para aprovação de recursos no valor de 1,8 trilhão de euros a serem liberados na União Europeia. Ontem, Polônia e Hungria discordaram e hoje a Eslovênia mostrou apoio aos países e ao veto a um dos pontos do pacote financeiro para lidar com a crise pós-pandemia de coronavírus.
Como se não bastassem os ventos negativos vindos do exterior, o Brasil continua lidando com os próprios "demônios". Ontem à noite, a agência de classificação de risco Fitch Ratings mandou seu recado ao publicar relatório mantendo a nota do Brasil em “BB-”, com perspectiva negativa.
Em maio, essa perspectiva havia sido reduzida de “estável” para “negativa”. Segundo a agência de classificação de risco, a perspectiva reflete a severa deterioração do déficit orçamentário e da dívida pública este ano e a incerteza persistente quanto às perspectivas de consolidação fiscal, incluindo a sustentabilidade do teto de gastos.
“Embora a equipe econômica esteja comprometida em retornar à agenda de reformas em 2021, o ambiente político permanece fluido, reduzindo a visibilidade e previsibilidade do processo”, escreveu a Fitch.
“'Nada de novo no Reino da Dinamarca', porém quando o alerta vem de quem pode alterar para baixo a classificação de risco soberano do país, afundando ainda mais o país no Junk, aí ganha especial atenção dos agentes locais e tomara, da perdulária classe política", escreve o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu-se com os partidos de oposição ao governo Bolsonaro para discutir uma agenda de votações até o fim do seu mandato, a possibilidade de suspensão do recesso e também iniciar conversas sobre a sua sucessão. O encontro reuniu PT, PDT, PSB, PCdoB, Psol e Rede.
Durante o encontro, Maia pediu apoio para suspender o recesso em janeiro, dizendo que há pautas urgentes para o país, como a proposta de emenda constitucional (PEC) emergencial — de corte de despesas obrigatórias com o objetivo de abrir espaço no Orçamento para ampliar o Bolsa Família.
Bolsas internacionais
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única hoje, conforme a ansiedade sobre as consequências econômicas do aumento das infecções pelo novo coronavírus nos Estados Unidos e na Europa se chocou com o otimismo sobre uma possível vacina.
O Nikkei, índice de referência da Bolsa de Tóquio, caiu 0,36%, enquanto o Kospi, da Bolsa de Seul, avançou 0,07%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,71%. Na China, o Xangai Composto subiu 0,47%, e o Shenzen Composto ganhou 0,63%.
“As preocupações com o impacto de curto prazo do recente aumento nos casos [de covid-19] ofuscaram desenvolvimentos positivos adicionais no front das vacinas”, disseram em relatório Prakash Sakpal e Nicholas Mapa do ING.
O índice S&P/ASX 200, da Bolsa de Sydney, subiu 0,25% depois que o governo informou que a economia australiana criou 178 mil empregos em outubro, bem acima das previsões de menos de 30 mil.
As bolsas europeias operam em queda com as notícias sobre o aumento da covid-19 no mundo e novas restrição como o fechamento de escolas em Nova York ofuscando o sentimento positivo com os testes de vacinas.
Agenda
A agenda de hoje novamente não traz grandes destaques, em mais um dia morno de divulgação de indicadores econômicos tanto aqui quanto no exterior.
Nos Estados Unidos, o principal dado a ser conhecido será o relatório semanal de pedidos de seguro-desemprego, às 10h30. Já no Brasil, destaque para o leilão semanal de títulos públicos do Tesouro Nacional, às 11h.
Empresas
A PagSeguro, empresa de pagamentos do grupo UOL, registrou um lucro líquido de R$ 263,4 milhões no terceiro trimestre, com recuo de 23,1% ante o mesmo período de 2019. O volume total de pagamentos transacionados (TPV, na sigla em inglês) alcançou R$ 44,8 bilhões no período, o que representam uma elevação anual de 52,5%.
A Gol registrou crescimento de 34% na oferta de voos diários em outubro, para 363, em comparação ao mês de setembro. Por outro lado, a companhia informou que as operações diárias foram equivalentes a 52% do montante contabilizado no mesmo período do ano passado. A taxa de ocupação ficou em 78%, queda de 2 pontos percentuais em relação a setembro. Já as vendas brutas atingiram R$ 827 milhões, montante 3% maior.
A Rede D’Or anunciou a aquisição de toda a participação societária do Hospital América, localizado em Mauá, São Paulo. A operação foi realizada pela afiliada Clínica São Vicente e não teve valor revelado.
Fonte: Valor Investe