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Mercado volta a se preocupar com segunda onda de covid-19 e dá tchau a euforia com vacina

Quinta, 12 Novembro 2020

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Os mercados financeiros vão se dando conta, aos poucos, de que a aprovação de uma vacina contra a covid-19 não é tudo e o viés menos otimista hoje leva investidores a embolsarem os lucros da empolgação dos últimos dias nas bolsas lá fora e os negócios aqui devem seguir o mesmo caminho. Ontem o dia aqui já foi de perda de tração, com queda de 0,25% do Ibovespa, para 104.808 pontos.

O compasso agora é de espera, Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, diante do crescente número de contaminados pelo novo coronavírus na segunda onda nos Estados Unidos e na Europa. Os investidores também observam o desenrolar das eleições americanas e os processos judiciais e contestações que o atual presidente Donald Trump têm feito.

A transição de poder para o presidente eleito Joe Biden também preocupa. Morelli destaca que a atual gestão ainda não deu a menor pista sobre como essa transição será feita. O que tem acontecido, aliás, é um impedimento de que a equipe de transição de Biden tenha acesso a documentos para realizar o seu trabalho.

"Isso obviamente causa uma incerteza para os investidores internacionais em um momento em que a segunda onda da covid-19 é bastante presente", afirma Morelli.

Os Estados Unidos registraram 136 mil novos casos de covid-19 ontem, no 8º dia seguido com número de infecções acima de 100 mil, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. As hospitalizações, que são os casos mais graves da doença, estão em aceleração e somaram quase 62 mil pacientes, no maior nível desde abril. As internações em UTIs já são quase 12 mil, no maior patamar desde maio.

Diante dos dados alarmantes, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou ontem novas restrições para o funcionamento de restaurantes, bares e academias.

A verdade é que mesmo com uma vacina com sucesso nos testes em voluntários, ainda há um longo caminho para que a população global esteja imunizada. E há questões logísticas importantes a serem resolvidas também.

Diante desse quadro, as ações de empresas que se beneficiam das medidas restritivas de circulação que mantêm as pessoas em casa voltaram a se valorizar ontem, em detrimento das "ações da aglomeração".

Além das preocupações que os investidores domésticos compartilham com todo o mundo, ainda temos nossa própria lição de casa a ser resolvida.

"Nossa dificuldade fiscal ainda continua existindo, nosso ruído político ainda não terminou e as nossas eleições terminam no fim de semana. O mercado brasileiro também está em compasso de espera e não tem boas notícias, tem surfado as notícias internacionais", diz Morelli.

Com a situação fiscal ainda sem solução no horizonte e pressão inflacionária batendo na porta, Morelli acredita que a pauta sobre o aumento da taxa básica de juros deve entrar no radar do Banco Central "em breve". Para o especialista, isso deve acontecer logo no início de 2021.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única hoje. Notícias de vacinas potencialmente eficazes para a covid-19 foram contrariadas por preocupações sobre os desafios logísticos de garantir o acesso a bilhões de pessoas e pelo aumento do número de casos que estão levando os governos a restabelecer restrições a algumas atividades para combater a pandemia.

As negociações estimuladas pela proximidade de uma vacina e com base na perspectiva de crescimento econômico foram revertidas para dar lugar às negociações baseadas no conceito de "ficar em casa", "pois as ações de empresas que se saem bem quando as pessoas ficam em casa e trabalham remotamente se recuperaram", disse o Mizuho Bank em um comentário.

Mas acrescentou: “O fato da questão é que o progresso no desenvolvimento de vacinas é, na pior das hipóteses, dois passos à frente, um passo atrás, e não um passo à frente e dois passos para trás de forma sustentada”.

Assim, o Nikkei, índice de referência da Bolsa de Tóquio, subiu 0,68%, mas o Kospi, da Bolsa de Seul, caiu 0,41%. Em Hong Kong, o Hang Sang recuou 0,22%. Na China, o Xangai Composto caiu 0,11% e o Shenzen Composto subiu 0,43%.

Agenda

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de setembro deve ser o destaque da agenda econômica brasileira hoje, cujos resultados devem ajudar a traçar o cenário sobre a retomada da atividade no país.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga, às 9h, a PMS. Em agosto, o volume de serviços no Brasil avançou 2,9% frente a julho, na série com ajuste sazonal.

No exterior, os dados de inflação e do mercado de trabalho também devem atrair atenções, em um dia que conta ainda com o discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, às 13h45 (de Brasília), e do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no mesmo horário.

O Departamento de Trabalho dos EUA divulga, às 10h30 (de Brasília), o número de novos pedidos de seguro-desemprego requeridos na semana até 7 de novembro. Na semana anterior, houve 751 mil pedidos iniciais. Estima-se 735 mil novos pedidos.

Empresas

A Eletrobras teve lucro líquido atribuível aos sócios controladores de R$ 84,983 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma redução de 7,7 vezes em comparação com o ganho líquido de R$ 651 milhões no mesmo período de 2019. Segundo a companhia, o lucro foi impactado, principalmente, pela redução de receita de geração.

O câmbio favorável, o forte ritmo de exportações de carne bovina e a rentabilidade acima da média histórica na indústria frigorífica americana levaram a Marfrig a um dos melhores resultados no terceiro trimestre. A empresa reportou que o lucro líquido mais que sextuplicou no trimestre, atingindo R$ 673,6 milhões. Entre julho e setembro do ano passado, a companhia brasileira registrou lucrado em torno de R$ 100 milhões.

A MRV Engenharia — maior incorporadora brasileira e principal operadora do programa habitacional Casa Verde e Amarela — obteve, no terceiro trimestre, receita líquida recorde de R$ 1,76 bilhão, com aumento de 12,2% na comparação anual.

A JSL, empresa de logística da holding Simpar, teve lucro líquido de R$ 29,6 milhões no terceiro trimestre de 2020, em queda de 24,6% sobre o resultado de R$ 39,3 milhões obtido no mesmo trimestre de 2019.

A transmissora de energia Taesa registrou lucro líquido de R$ 631,9 milhões no terceiro trimestre, alta de 77% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O empresa de shoppings Aliansce Sonae registrou lucro líquido de R$ 24,1 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 143,7 milhões no mesmo período de 2019, segundo as demonstrações financeiras divulgadas há pouco. A receita caiu 14,6% no comparativo anual, para R$ 171,1 milhões.

A Rumo teve uma queda de 55,2% em seu lucro líquido no terceiro trimestre, registrando R$ 164 milhões no período. A receita do grupo foi de R$ 2,052 bilhões no período, 0,35% menor que no mesmo trimestre de 2019. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sofreu retração de 7,7%, chegando a R$ 1,1 bilhão.

O prejuízo líquido da Tecnisa foi reduzido em 32%, no terceiro trimestre, na comparação anual, para R$ 35,4 milhões. O resultado líquido ainda é impactado pelo baixo volume de lançamentos, o que dificulta a diluição de custos fixos. Houve também gastos não recorrentes para responder à proposta não-solicitada de integração dos negócios com a Gafisa.

Ainda refletindo o impacto da pandemia em seus resultados, a CCR teve uma queda de 65% em seu lucro líquido do terceiro trimestre, chegando a R$ 118,2 milhões.

O Grupo Carrefour informou que celebrou ontem os instrumentos definitivos para a aquisição e locação de 11 lojas da rede Makro, sendo seis próprias e cinco alugadas, além de três postos de combustíveis da rede, presentes em oito Estados brasileiros. O valor da operação é de R$ 376, 9 milhões.

Maior produtora de cloro-soda e segunda maior produtora de PVC da América do Sul, a Unipar Carbocloro foi beneficiada principalmente pela forte retomada da demanda de PVC no terceiro trimestre e encerrou o período com lucro líquido atribuído aos sócios da controladora de R$ 154,9 milhões, comparável a prejuízo de R$ 12,6 milhões um ano antes.

 

Fonte: Valor Investe