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Festa de eleição de Biden segue nas bolsas e investidor calcula próximos passos

Segunda, 09 Novembro 2020

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O otimismo com a eleição do democrata Joe Biden na presidência dos Estados Unidos continua sem freio diante da baixa possibilidade do atual presidente Donald Trump reverter resultado das urnas na justiça, já que os votos dão larga vantagem ao oponente.

Apesar disso, Trump continua se recusando a reconhecer a derrota, o que traz incertezas sobre a transição de governo. Biden assume oficialmente a Casa Branca em 20 de janeiro.

Embora a chance de embolar o meio de campo quanto ao resultado seja menor hoje do que na semana passada, os investidores seguem com um olho no tema. "A volatilidade na bolsa e no mercado de câmbio pode ganhar força se Trump não aceitar a derrota e recorrer a medidas como pedidos de recontagem de votos ou mesmo questionamentos na Suprema Corte. É bom monitorar isso de perto porque pode trazer muita volatilidade e seria recebido negativamente pelos investidores", diz João Paulo Teixeira Cardoso, sócio da Unnião Investimentos.

Por enquanto, o que segue injetando otimismo nos mercados globais é o fato de a "onda azul" não ter se confirmado, ou seja, os democratas não devem alcançar a maioria no Senado. Atualmente, os dois partidos têm 48 cadeiras cada no Senado, que tem 100 assentos no total. Duas vagas, que são da Geórgia, serão decididas no segundo turno em janeiro.

A percepção do mercado é que em um Senado mais dividido, Biden e seu partido terão menos força para aprovar aumento de impostos para empresas.

"A bolsa americana costuma performar melhor durante os mandatos presidenciais democratas com Congresso divididos entre democratas e republicanos", observa Cardoso.

Com a eleição presidencial americana definida, a tendência é de que os investidores comecem a olhar para um horizonte mais longo e entender como as possíveis propostas do novo presidente podem influenciar o mercado financeiro, explica Cardoso. Dentre os assuntos que devem ter uma resolução está o tão esperado pacote de auxílio fiscal à economia americana, que segue indefinido desde o fim de julho.

Falando em fiscal, o problema doméstico também deve voltar aos poucos ao radar da bolsa brasileira. "Por mais que as eleições presidenciais americanas tenham forte influência nos preços dos ativos, inclusive no nosso mercado, no médio e longo prazo o cenário doméstico é sempre mais importante. Nesse sentido, temos uma situação fiscal bem complicada e devemos continuar monitorando a capacidade do governo de realizar os ajustes sem ultrapassar o teto dos gastos", diz Cardoso.

"Espera-se que o dólar caia frente às moedas globais, porém, frente ao real o dólar deve permanecer mais caro, principalmente, devido a problemas internos, a situação fiscal do país e o aumento de dívida", diz.

Os investidores esperam que, depois das eleições municipais, que acontecem no próximo domingo, seja encaminhada a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) dos Gatilho. "Ela deve mostrar o que o governo deve fazer em termos de ajuste fiscal e como será o financiamento do programa social que vai substituir o auxílio emergencial", aponta Cardoso.

Bolsas internacionais

As bolsas da Ásia fecharam em alta com o alívio vindo da definição dos resultados das eleições presidenciais dos EUA, com o democrata Joe Biden eleito.

Os fortes dados do comércio chinês divulgados no fim de semana também ajudaram. Muitos investidores na região esperam que as tensões comerciais diminuam sob a presidência de Biden, uma vantagem para os mercados e economias asiáticos. As ações de empresas chinesas de tecnologia deram salto nas bolsas após declaração de vitória de Biden

O Nikkei, índice de referência do Japão, fechou em alta de 2,21%, e o Kospi, da Coreia do Sul, ganhou 1,27%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 1,18%. Na China, os índices Xangai e Shenzen compostos avançaram 1,86% e 2,25%, respectivamente. Na Austrália, o S&P/ASX ganhou 1,75% e os índices de referência de Taiwan (+1,18%), de Cingapura (+1,19%) e da Indonésia (+0,38%) também tiveram sessões bem positivas.

Dados de balança comercial divulgados no sábado (7) mostraram que o crescimento das exportações chinesas acelerou em outubro, elevando o saldo até acima dos níveis pré-coronavírus pela primeira vez neste ano. As exportações em outubro aumentaram 11,4% em relação ao ano anterior para US$ 237,2 bilhões, acima do ganho de 9,9% de setembro, e as importações subiram 4,7% em valor para US$ 178,7 bilhões, desacelerando em relação ao aumento de 13,2% do mês anterior.

As bolsas europeias operam em forte alta nesta manhã, depois que a vitória de Biden foi confirmada no sábado com uma vantagem confortável tanto no número de delegados para o Colégio Eleitoral quanto no voto popular. Os investidores vão ignorando, portanto, as alegações sem evidências de Trump sobre fraudes na contagem. Os índices futuros das bolsas americanas seguem o mesmo tom e sobem mais de 1%.

Agenda

A agenda econômica desta semana começa com destaque para discursos de dirigentes de bancos centrais da Europa, Estados Unidos e Brasil.

Nos Estados Unidos, a presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland, Loretta Mester, discursa às 15h30 (de Brasília), enquanto o chefe da unidade de Filadélfia, Patrick Harker, profere discurso às 16h20 (de Brasília).

Por aqui, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, profere palestra no “Greenwich Economic Forum 2020”, promovido pela “The Economist”, às 12h25.

Empresas

Magazine Luiza, BRF, Itaúsa, Linx e Yduqs publicam seus números nesta segunda-feira (9).

A Hapvida anunciou a compra da operadora de saúde Premium Saúde por R$ 150 milhões. A Premium tem uma carteira de 125 mil beneficiários, sendo a maior parte (65 mil) na região metropolitana de Belo Horizonte, 13 mil em Brasília, 9 mil em Montes Claros (MG) e outros 5 mil na região do Triângulo Mineiro.

O aumento no ticket médio dos alunos e a expansão das aquisições impulsionaram o ganho de receita da Ânima no terceiro trimestre, segundo a administração da companhia educacional, auxiliando na melhora do resultado líquido no período.

A BR Malls desistiu da operação de fusão com a Ancar Ivanhoé. A união, cujos estudos foram anunciados em 19 de outubro, criaria a maior operadora de shopping centers do país. A Ancar administra 24 centros comerciais, entre eles o Shopping Eldorado, o Shopping Metrô Itaquera e o Shopping Pátio Paulista, em São Paulo.

 

Fonte: Valor Investe