Hoje durante coletiva realizada para apresentação do balanço do terceiro trimestre, Candido Bracher, que está deixando a presidência do Itaú Unibanco, disse que a venda da fatia da 5%, anunciada em fato relevante ontem, será feita “se e quando” as condições de mercado permitirem e forem interessantes para o banco.
“Anunciamos agora porque é questão relevante, conforme as normas da CVM, faz parte da nossa estratégia de trazer capital de nível 1 de volta a 13,5%. Encerramos o terceiro trimestre com 12,4%”, disse.
O banco, que detém 46,05% do capital da XP, além de estudar a venda de uma fatia de 5% das ações da plataforma, anunciou uma cisão para segregar em uma nova empresa os 41,05% remanescentes. Essa “Newco” terá capital aberto, com a mesma estrutura de governança do Itaú e será listada no Nível 1 da B3. Assim, as ações que o Itaú possui na XP serão distribuídas entre os acionistas do banco, de forma que tenham liberdade para vendê-las quando quiserem.
Alexsandro Broedel, diretor-executivo de Finanças do Itaú, lembrou que como o Banco Central proibiu o Itaú de adquirir o controle da XP, a participação do banco na corretora se tornou um investimento financeiro. Além disso, afirmou que a cisão visa destravar valor, já que essa fatia, dentro do conglomerado, ainda não está 100% precificada pelo mercado.
Bracher lembrou que o banco tem o compromisso de comprar uma fatia adicional na XP em 2022, que originalmente equivalia a 12,5%, mas com o IPO da corretora, foi diluída para cerca de 11,5%. “Essa compra é um compromisso e vamos cumprir. Se fosse uma opção de compra, exerceríamos, porque é interessante”.
Ele ressaltou que o Itaú continua a considerar a XP um excelente investimento, mas que com não tem e nem pode ter nenhuma ingerência na gestão da XP - apesar de ter assentos no conselho - a cisão faz mais sentido. Questionado se previa alguma dificuldade de o BC aprovar a compra dessa fatia adicional em 2022, ele comentou que não vê nenhuma razão para isso, já que mesmo assim o banco não terá o controle.
Já sobre o que controladores do Itaú farão com a participação na Newco, Bracher disse que essa é uma pergunta que tem que ser feita a eles. Em relação à fatia adicional a ser comprada em 2022, ele diz que ainda é muito cedo pra saber o que será feito dela.
Perguntado sobre o cenário competitivo mais acirrado na área de investimentos, ele comentou que a concorrência nessa área nunca deixou de existir e que a cisão e venda da fatia de 5% na XP não tem relação com esse ambiente. “Nunca tiramos o pé do acelerador por ter adquirido participação na XP. Confiamos no nosso taco”.
Ele também foi perguntando se o Itaú estuda elevar sua fatia no Corpbanca. Respondeu que o banco sempre analisa oportunidades, mas que no momento não tem absolutamente nada sob análise nesse sentido.
Fonte: Valor Investe