Fique de olho
A quinta-feira (29) começou com a recuperação das bolsas europeias e dos futuros de ações nos Estados Unidos, após o derramamento de sangue de ontem. No entanto, as altas ainda são fracas e o dia será de rescaldo.
Os novos lockdowns na Europa elevam as expectativas para a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), seguida de coletiva de imprensa da presidente do BCE, Christine Lagarde, nesta manhã. O mercado está atento a sinais que a autoridade monetária pode dar quanto a medidas adiconais mais à frente.
Já nos Estados Unidos, o destaque fica com o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Economistas consultados pelo “Wall Street Journal” preveem que o PIB americano crescerá a uma taxa anualizada de 32% no período. Se confirmada, será a maior alta já registrada na história. No entanto, o dado ainda deve ser incapaz de reverter totalmente a queda registrada nos dois primeiros trimestres do ano.
Aqui no Brasil, o dia começa com o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a inflação do aluguel, que avançou 3,23% em outubro. A alta de preços ficou acima da mediana das estimativas de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de 3,09%, com intervalo das projeções de 2,43% a 3,58%.Com esse resultado, o índice acumula alta de 18,10% no ano e de 20,93% em 12 meses.
O indicador pode cair mal, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manter a taxa básica de juros, a Selic, em 2% ao ano e reiterar que o choque de inflação é temporário. O BC deixou em aberto chances de quedas adicionais de Selic e frustrou quem já esperava um ajuste mais conservador em sua mensagem.
“O BC pegou todo mundo de surpresa, porque havia quase unanimidade que o comunicado viria mais conservador”, afirma André Machado, sócio-fundador da escola de traders Projeto os 10%. “O Banco Central continua acreditando que choque da inflação é temporário. Isso não só frustrou o mercado, mas também causou surpresa. Vai impactar os juros futuros, o dólar e respingar na bolsa hoje.”
O mercado também vai repercutir os balanços das gigantes Vale, Petrobras e Bradesco. O que mais surpreendeu foi o da Vale.
Bolsas internacionais
As principais bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, com os mercados de ações chineses segurando ganhos na sessão apesar das vendas de ontem na Europa e nos EUA.
Nas demais praças asiáticas, as quedas também foram bem mais moderadas do que as perdas, em geral, perto de 3% no Ocidente, impulsionadas pela decisão de França e Alemanha de impor novos “lockdowns” nacionais para tentar contar a segunda onda da covid-19.
O Nikkei, índice de referência da Bolsa de Tóquio, terminou o dia em queda de 0,37%, e o Kospi, da Bolsa de Seul, caiu 0,79%. Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 0,49%.
Na China continental, as bolsas abriram o dia em queda de 1% junto com as demais, mas o ambiente se acalmou ao longo da sessão e o Xangai Composto, da Bolsa de Xangai, encerrou com alta de 0,11%, e o Shenzen Composto, da Bolsa de Shenzen, avançou 0,47%.
Os movimentos do mercado refletem a percepção de que a segunda onda da covid-19 no hemisfério Norte terá impacto limitado na Ásia, região que tende a se favorecer mais pela recuperação econômica em andamento na China.
Alguns países do continente parecem estar controlando a pandemia, enquanto surgem muitos casos em outros. A Índia ultrapassou 8 milhões de casos confirmados de covid-19, perdendo apenas para os EUA, com quase 8,86 milhões. A Indonésia e as Filipinas estão lutando para manter os surtos sob controle, e novos casos estão sendo relatados no Japão.
O Banco do Japão manteve sua política monetária inalterada em sua decisão de política monetária desta quinta-feira, mantendo a taxa referencial de juros em -0,10% ao ano. Mas rebaixou sua perspectiva para a economia, dizendo que embora as condições eventualmente melhorem, "os riscos para a atividade econômica e os preços são desviados para o lado negativo, principalmente devido à covid-19."
As vendas no varejo no Japão, a terceira maior economia do mundo, caíram 8,7% em relação ao ano anterior, em setembro, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira. Embora as compras de bens tenham se recuperado um pouco, os serviços continuam fracos.
O banco central japonês tem injetado dezenas de bilhões de dólares na economia todos os anos, tentando restaurar o crescimento estável à medida que a população do país encolhe e envelhece. O Japão já estava em recessão quando a pandemia começou.
Na Europa, os mercados operam leve alta, enquanto os investidores digerem novas medidas de bloqueio na França e na Alemanha e aguardam a última decisão de política monetária do Banco Central Europeu.
Nos Estados Unidos, os futuros de ações sobem nas negociações desta manhã, após o pior dia para o mercado em meses.
Agenda
A quinta-feira promete ser agitada tanto no Brasil quanto no exterior nesta quinta-feira, com diversos indicadores e eventos que devem atrair as atenções dos investidores. Por aqui, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), às 8h, abriu o dia.
Além disso, destaque para o leilão de títulos públicos do Tesouro Nacional, às 11h, cuja estratégia recente adotada conjuntamente com o BC será testada hoje.
No exterior, o Banco Central Europeu (BCE) atrai as atenções com sua decisão de política monetária, às 9h45 (de Brasília), seguida de coletiva de imprensa de Christine Lagarde.
Já nos Estados Unidos, o destaque fica com o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, às 9h30 (de Brasília).
Empresas
A Ambev apurou lucro líquido de R$ 2,274 bilhões no 3º trimestre deste ano, um recuo de 8,9% sobre o lucro líquido de R$ 2,497 bilhões em igual período do ano passado, segundo demonstrações financeiras enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira. Os valores referem-se aos atribuíveis aos controladores. A companhia teve receita líquida de R$ 15,6 bilhões de julho a setembro deste ano, um crescimento de 30,5% ante a receita de R$ 11,9 bilhões no mesmo período do ano passado.
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) registrou lucro atribuído aos acionistas controladores de R$ 386 milhões no terceiro trimestre, o que representa alta de 152% em relação aos R$ 153 milhões do terceiro trimestre de 2019. A receita de vendas da companhia somou R$ 21,3 bilhões, alta de 57,5% ante os R$ 13,52 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Fonte: Valor Investe