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Número de brasileiros sem conta em banco caiu 73% durante a pandemia, aponta Mastercard

Terça, 27 Outubro 2020

Um estudo feito pela consultoria Americas Market Intelligence em parceria com a Mastercard mostra que muitos brasileiros que não tinham contas em banco, e nem em fintechs, entraram oficialmente no sistema financeiro durante a pandemia. Um dos principais motivos para isso foi a necessidade do recebimento do auxílio emergencial do governo.

Segundo o estudo, chamado de "Aceleração da inclusão financeira durante a pandemia da covid-19", o número de brasileiros desbancarizados, ou seja, que não possuem conta em bancos e fintechs, diminuiu 73% nos últimos cinco meses.

Esse aumento se dá, principalmente, pela necessidade dos brasileiros em utilizarem serviços on-line para realizarem suas transações financeiras, por conta do distanciamento social. O estudo, realizado com consumidores do Brasil, México, Argentina e Colômbia, mostra que os subsídios governamentais foram essenciais para aumentar o acesso ao sistema bancário em toda a região.

Segundo o levantamento, com os programas de benefícios sociais criados para minimizar os impactos da covid-19, a população não bancarizada em toda a América Latina teria sido reduzida em 25%, uma vez que muita gente precisou abrir conta para o depósito do auxílio. Além do auxílio emergencial no Brasil, também foram medidos os impactos do Ingresso Solidário na Colômbia e do Ingresso Familiar de Emergência na Argentina.

No Brasil, a criação de uma norma que proíbe a transferência ou saque da conta por 30 dias foi um divisor de águas na forma como os consumidores estavam utilizando o benefício. Enquanto em maio menos de 5% das transações eram realizadas de forma digital e cerca de 35% das transações eram de saque, em agosto, as transações digitais realizadas pelo aplicativo atingiram a marca de 63% e os saques caíram para 15%.

Além disso, a quarentena estimulou o comércio eletrônico e o uso de novas tecnologias pelos consumidores brasileiros. Por meio de fintechs e bancos digitais, os pagamentos por aproximação e pagamentos em tempo real, passaram a fazer parte do cotidiano da população.

A pandemia também mudou a relação do brasileiro com suas finanças pessoais e o planejamento de longo prazo: o foco na poupança, tradicionalmente associado à riqueza, se estendeu para famílias de baixa renda.

"Acreditamos que a inclusão financeira e digital ajuda as pessoas a prosperarem, serem mais produtivas e viverem com mais estabilidade. A chave para o crescimento da inclusão financeira - e, consequentemente a redução do uso do papel moeda - é o aumento da inclusão digital, que deve desempenhar um papel importante nos esforços de recuperação pós pandemia", afirma João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul.

A pesquisa foi realizada na América Latina entre junho e agosto de 2020 e consiste em uma avaliação de dados divulgados por governos e instituições financeiras, bem como entrevistas com 18 instituições financeiros, incluindo os mais tradicionais bancos e fintechs dos quatro países.

 

Fonte: Valor Investe