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Fundos imobiliários têm quedas de até 40% no ano, e só três estão positivos

Terça, 20 Outubro 2020

Os fundos de investimentos imobiliários (FII) seguem registrando fortes perdas em 2020, a despeito do arrefecimento dos novos casos de covid-19 e do clima de retomada na economia, e embora as desvalorizações tenham diminuído bastante na comparação com os meses de pico da pandemia.

Segundo um levantamento do buscador de investimentos Yubb com base nos 81 fundos que compõem o IFIX, índice da B3 conhecido como “o Ibovespa dos fundos imobiliários”, apenas cinco FIIs não registraram perdas no acumulado de 2020, e só três saíram do zero para o terreno positivo.

O fundo de melhor desempenho – o CSHG Prime Offices, administrado pela Credit Suisse Hedging-Griffo – subiu apenas 1,15%. É menos do que os 2,28% que rendeu no período o CDI, a referência da poupança, aplicação de renda fixa tida como mais conservadora possível.

Mas, vale lembrar, fundos imobiliários são aplicações isentas de imposto de renda, o que ajuda a manter essa alternativa no radar dos investidores.

Na outra ponta, alguns fundos perdem, atualmente, mais de 40% do valor da cota, na comparação entre 1º de janeiro e 8 de outubro. O produto que mais caiu – o Bradesco Carteira Imobiliária Ativa – perdeu 43,51% de valor no período. E, na lista dos dez fundos que mais perderam, todos caíram abaixo de 30%.

A principal razão para o cenário negativo são as incertezas que permanecem a respeito do isolamento social como parte do combate à pandemia do novo coronavírus.

No ritmo da covid-19

Segundo Bernardo Pascowitch, CEO e fundador do Yubb, chama a atenção a preponderância dos fundos “de tijolo” – como são chamados os produtos que investem em imóveis reais, já construídos e funcionais – entre os de maiores perdas.

A estratégia, nesse caso, é viabilizar que esses imóveis gerem mais renda, normalmente via aluguéis; os pagamentos dos locatários remuneram os investimentos iniciais e geram retorno aos cotistas do FII.

No detalhe, ele diz, os produtos que investem em lajes corporativas parecem ter sofrido mais, ao encontro do crescimento na adoção do trabalho à distância (“home office”) após a pandemia.

“Apesar de ser um dos setores favoritos dos brasileiros que gostam de investir em fundos imobiliários, as lajes corporativas estão sendo diretamente afetadas por conta da instabilidade da retomada econômica. As empresas ainda seguem receosas em voltar aos seus espaços físicos, e muitas já se adaptaram tanto ao ‘home office’ que não veem mais utilidade na locação de grandes prédios para trabalhar”, afirma Pascowitch.

Mas ele vê sinais de melhora nas perspectivas do segmento. “Em maio, nós realizamos esse mesmo comparativo sobre a situação dos fundos imobiliários no decorrer do ano, e ele apresentou uma realidade diferente da que vemos hoje. As quedas chegavam a mais de 60%. A economia está se recuperando, aos poucos, com a devida cautela”, comenta o CEO do Yubb.

Por outro lado, ele pontua, fundos com ativos em Estados do Brasil que estimularam o retorno presencial ao trabalho conseguiram fugir da tendência de queda forte.

Pascowitch também destaca uma percepção de melhora no subsegmento de fundos que aplicam em ativos de shopping centers. “Hoje, grande parte desses estabelecimentos já está em funcionamento, plenamente adaptados às condições de saúde atuais. Isso significa uma retomada comercial, que afeta diretamente as cotas. Não à toa, nenhum dos fundos correspondentes a este segmento aparece no ranking [das dez maiores perdas]”.

 

Fonte: Valor Investe