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FMI vê ‘riscos excepcionalmente altos’ para o Brasil

Terça, 06 Outubro 2020

O Brasil enfrenta “riscos excepcionalmente altos e multifacetados”, apontou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI), considerando ser fundamental o país implementar reformas que reduzam as despesas obrigatórias e a rigidez orçamentária, fortaleçam a rede de proteção social e modernizem o sistema tributário.

Na declaração da equipe ao fim da missão que faz o raio x anual da economia do país, o Fundo ressalta, entre as principais ameaças, “uma segunda onda da pandemia, as consequências de longo prazo de uma recessão prolongada e a vulnerabilidade a choques de confiança devido ao nível elevado da dívida pública”.

Nesse quadro, a “ implementação célere de reformas estruturais que garantam a consolidação a médio prazo será essencial para mitigar o risco de uma dinâmica indesejável da dívida pública”, diz o FMI.

O relatório avalia ainda que, “na ausência de evidências inequívocas da manutenção do teto de gastos, qualquer despesa adicional poderia minar a confiança do mercado e elevar as taxas de juros”. Segundo o FMI, “em razão do forte aumento do déficit fiscal primário, a previsão é que a dívida pública bruta salte para cerca de 100% do PIB em 2020 e continue elevada no médio prazo”.

Além disso, “as necessidades brutas de financiamento, que representam 29% do PIB em 2020, estão sendo supridas por uma combinação de emissões internas e uso de ativos líquidos (depósitos do Tesouro no BC)”.

O FMI observa que a Selic muito baixa, “combinada com o recente encurtamento do prazo médio da dívida, permitiu ao governo reduzir seus custos de captação para níveis historicamente baixos (5%, em comparação à máxima de quase 15% no fim de 2016)”.

O ponto é que o Brasil hoje se defronta com uma curva de juros em moeda nacional “bastante inclinada, o que ressalta as preocupações do mercado com a sustentabilidade fiscal”, aponta o documento.

 

Fonte: Valor Investe