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Parcela de famílias endividadas cai em setembro, na 1ª queda desde maio

Quarta, 30 Setembro 2020

A parcela de famílias endividadas em setembro na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ficou em 67,2%.

Embora ainda seja superior ao registrado em setembro do ano passado (65,1%), a fatia é menor do que a observada em agosto (67,5%), e foi a primeira queda na margem, na comparação ante mês imediatamente anterior, desde maio, ressaltou a CNC. A entidade observou ainda que, em agosto, o porcentual foi recorde na pesquisa, iniciada em 2010.

Uma melhora na situação financeira de famílias de menor renda, beneficiadas por auxílio emergencial, pode ter contribuído para o resultado. No levantamento, a CNC apurou que houve mudança nas trajetórias do endividamento dentre os grupos de renda pesquisados.

Para as famílias com renda até dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas caiu pela primeira vez desde maio, chegando a 69% do total, após ter alcançado o recorde de 69,5% em agosto — embora ainda se posicione acima de setembro de 2019 (66,2%).

A CNC detalhou ainda que a parcela média de renda destinada ao pagamento de dívidas, nessa faixa de renda familiar até dez salários mínimos, caiu de 30,4% em agosto para 30,3% em setembro.

Na margem, a inadimplência também deu sinais de melhora. Em setembro, a parcela de famílias endividadas com débitos em atraso ficou em 26,5% do total, abaixo de agosto (26,7%), mas ainda acima de setembro de 2019 (24,5%).

No caso de famílias inadimplentes sem condição de quitar seus débitos, a parcela foi de 12% na pesquisa, abaixo de 12,1% em agosto, mas ainda superior a de setembro do ano passado (9,6%).
Entretanto, a CNC chama atenção para o fato de que, para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, a proporção do endividamento teve o primeiro aumento desde abril, de 57,8% em agosto para 59% em setembro — sendo 60,5% em setembro de 2019.

Para a entidade, as famílias com renda maior, que até então estavam ampliando poupança, no entendimento da CNC, aparentemente iniciaram retomada de consumo, com incremento de endividamento em setembro.

Em setembro na pesquisa, o cartão de crédito permaneceu como principal modalidade de dívida lembrada pelas famílias, com 79% do total das respostas, seguido por carnês (16,7%) e financiamento de carro (10,3%).

Para a CNC, indicadores recentes têm mostrado que a recuperação gradual da economia para os próximos dois trimestres está mais robusta do que as estimativas indicavam. No entanto, ainda permanecem incertezas sobre a sustentabilidade da retomada no médio prazo, especialmente associadas à capacidade de recuperação do mercado de trabalho e ao cumprimento das metas fiscais, alertou a entidade.

Além disso, na análise da entidade, mesmo com o recuo na parcela de famílias endividadas, de agosto a setembro, a proporção de consumidores endividados no País ainda se posiciona em patamar elevado esse mês.

 

Fonte: Valor Investe